O Pavilhão de Portugal é um projeto localizado na cidade de Chengdu, uma das cinco maiores cidades da China. Com uma área de 500 metros quadrados, o Pavilhão de Portugal nasceu com a intenção de promover os produtos Portugueses no grande mercado da China e conta com um espaço destinado à exposição e venda de produtos nacionais.
“A iniciativa resulta de uma Joint Venture entre empreendedores portugueses e chineses, com objetivo de alavancar a capacidade de resposta ao mercado chinês, onde a procura por produtos internacionais é imensa”, sublinha Romeu Oliveira, um dos cofundadores da empresa Chengdu Luso-sino Business Services. O projeto é uma iniciativa com maioria de capital português (60%) e envolveu um investimento inicial de 1,4 milhões de Euros. O objetivo é atrair marcas portuguesas e criar oportunidades de negócios na China.
“Foi um processo longo e que exigiu grande resiliência, pois coincidiu com o período de política “Covid Zero” na China, quando os lockdowns eram frequentes e sem aviso prévio e a viagens para a China eram proibidas ou exigiam isolamentos de 3 semanas”, explica Romeu Oliveira. “Foi também necessário alguma diplomacia económica para obter autorização de investimento português na China, algo que conseguimos através de uma carta de conforto do Sr. Embaixador José Augusto Duarte enviada às autoridades chinesas. Finalmente, em meados de Dezembro de 2022 o Pavilhão abriu portas ao público com alguns produtos que conseguimos enviar a tempo.”
Integrado num espaço urbano dedicado a pavilhões internacionais dos países conectados pela ferrovia que liga Chengdu à Europa, o Pavilhão de Portugal é um espaço exclusivo para produtos portugueses, que conta com uma equipa permanente de 19 colaboradores repartidos entre o restaurante próprio, equipa de promotores do showroom, equipa comercial local e finalmente, em Portugal com o escritório da sucursal que faz a articulação entre Portugal e China.
“Definimos como meta, reunir no espaço até 50 empresas nacionais. Atualmente, estão no Pavilhão de Portugal em Chengdu 24 empresas, das quais 20 do setor agroalimentar. Nesta fase inicial, são sobretudo empresas de produtos consolidados nos mercados internacionais”, salienta Romeu Oliveira.
Um Espaço de Promoção Cultural e Comercial
“O Pavilhão de Portugal não é apenas um showroom. É um espaço que promove Portugal, a sua cultura, a história, as tradições e naturalmente estes aspetos valorizam os produtos presentes”. Romeu Oliveira explica que a comunicação é essencial e “a estratégia passou sobretudo por explicar muito bem o projeto e a proposta de valor que o mesmo pode entregar às empresas portuguesas.”
“O facto de equipa estar nos dois países, encurta a distância psicológica que frequentemente se verifica entre o exportador nacional e o importador chinês. Existe feedback regular sobre o nosso trabalho. Tendo em conta, a distância física e a pequena dimensão das empresas portuguesas para serem internacionais, trabalhamos sempre numa perspetiva de parceria autêntica. Não queremos ter apenas fornecedores portugueses que nos permitam abastecer o mercado. Por outro lado, não nos posicionamos como um importador que após a compra, está em condições de não partilhar mais informações com o produtor”, sublinha.
estamos a “semear”, com objetivo de colher dentro de alguns anos
“É um trabalho a longo prazo, onde nesta primeira fase estamos a “semear”, com objetivo de colher dentro de alguns anos. É um erro pensar que basta exportar uma vez para a China e o mercado está conquistado. São vários os Case Studies de empresas portuguesas e não só, que individualmente falharam na China, alerta Romeu Oliveira.
O conhecimento da realidade do mercado é essencial e há processos culturais muito específicos na China que a formação teórica não consegue transmitir. “É preciso conhecer o terreno. Desse ponto de vista, a equipa do Pavilhão de Portugal possui a experiência necessária. Por outro lado, o representante ocidental é muito bem visto e o mercado gosta que ele esteja presente sempre que possível. Se visitamos o mercado uma ou duas vezes por ano, vamos cair no esquecimento em resultado da concorrência. Pode-se ter sorte mas na maioria dos casos o destino é o insucesso”, defende Romeu Oliveira.
Poucas são as empresas portuguesas que atualmente contam com equipa permanente na China, uma dessas empresas é a Delta Cafés. “Já tivemos oportunidade de receber no Pavilhão, o Dr. João Carvalho responsável da Delta pelo Mercado China, que formou a equipa do Pavilhão sobre as especificidades do Café Delta. Em resultado dos seus anos de experiência neste país já nos disse, que não tem dúvidas que este é o melhor projeto destinado às empresas portuguesas que conheceu nos últimos anos. Algo que nos deixou muito orgulhosos mas que acrescenta ainda mais responsabilidade”.
A Ponte para o Mercado Chinês
Além do espaço de exposição e venda, o Pavilhão de Portugal tem uma presença regular em feiras e mercados especializados em produtos internacionais, bastante comuns na China. “Só nos primeiros 6 meses do ano, tivemos oportunidade de levar vinhos portugueses desde o Tibete que fica a 2000km do Pavilhão, até Harbin que fica a 3000km e já próximo das Coreias. Realizamos ainda algumas atividades secundárias, como serviços de tradução, registo em plataformas obrigatórias de exportação, presença em eventos institucionais, estudos de mercado, visitas inversas, reservas de viagens, alojamento e transfers, para promoção das marcas portuguesas.”
Para além da Exportação e Ativação de Produtos o Pavilhão de Portugal na China procura criar reputação e notoriedade para as marcas portuguesas através de uma rede de networking e meios de comunicação locais.
“Com a estabilização destas empresas, através das suas marcas na China, procuraremos explorar o potencial de novas empresas e novos produtos. Pode ser em resultado de produtos totalmente inovadores ou novas formas de consumo ou de apresentação. A nossa visão para futuro, é tornarmo-nos a referência na China para a promoção e comercialização de produtos portugueses, com abertura de outros espaços de produtos portugueses.”