PMEs portuguesas preferem freelancers em consequência da pandemia

Imagem de Hitesh Choudhary por Pixabay

Fiverr, plataforma que liga empresas e freelancers, divulgou os resultados de um estudo sobre o impacto do Covid-19 nas PME portuguesas. O uso de serviços de freelancer, nomeadamente o apoio ao cliente e RP, bem como o trabalho remoto foram as mudanças mais significativas durante estes tempos desafiantes.

O estudo decorreu entre 5 e 26 de outubro de 2020 e incluiu 500 profissionais de quadros superiores de empresas da Amadora, Braga, Cacém, Coimbra, Funchal, Lisboa, Porto, Queluz, Setúbal e Vila Nova de Gaia oriundas de setores como Arquitetura, Engenharia e Construção, Educação, Cultura, Saúde, TI & Telecomunicações, Turismo ou Finanças.

Freelancers, uma nova mão-de-obra?

A pandemia mudou tanto as prioridades das PME portuguesas, como os seus sistemas de trabalho e recursos. Esta é a conclusão principal do estudo da Fiverr, que destaca o uso de serviços freelance como uma nova oportunidade de força laboral capaz de ajudar na digitalização e construção de presença online imposta por esta realidade.

46% das PME afirmaram que estão a recorrer mais a freelancers agora, devido ao boom do trabalho remoto. Destes, 76% indicaram que chegam até aos profissionais através do passa-palavra, sendo que 62% revelaram que utilizam marketplaces. Comparando com os outros países Europeus onde o estudo foi realizado, Portugal apresenta uma percentagem bastante superior neste campo, o que significa que estão a tirar um maior partido das oportunidades online. 80% das empresas de TI & Telecomunicações e 50% das de Arte e Cultura referiram procurar em marketplaces como a Fiverr para chegar a esta mão de obra.

Ao nível do tipo de serviço mais procurado, o apoio ao cliente encontra-se no topo da lista com 39%, tendo maior demanda por parte do setor Financeiro e do da Manufatura & Utilidades. De seguida, apresentam-se os serviços de RP, mais procurados por empresas de Vendas, Media e Marketing (54%), bem como pelo setor da Educação (43%). 30% dos inquiridos destacaram também a procura por serviços freelancing de marketing digital e gestão de redes sociais. As PME de Vendas, Media e Marketing lideram esta procura (53%), sendo acompanhadas pelas Jurídicas (50%) e TI & Telecomunicações (50%).

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Trabalho remoto e produtividade

Tornou-se claro que as PME portuguesas estão a enfrentar desafios sem precedentes. Ainda que estejam a tentar encará-lo da melhor forma possível, 62% admitiram estar receosos em relação ao futuro do seu negócio, ao passo que 38% demonstrou-se um tanto mais otimista.

Parte deste otimismo pode estar ligado à descoberta de novas formas de trabalho, como é o caso do trabalho remoto. De facto, o estudo realizado pela Fiverr revela que 49% das PME do distrito de Lisboa e 24% das da região do Porto estão a planear tornar-se totalmente remotas em consequência da pandemia. Surpreendentemente, 63% dizem sentir-se confortáveis para encorajar este modo de trabalho, especialmente dentro dos setores de TI & Telecomunicações (68%) e Vendas, Media e Marketing (57%).

Estes resultados podem ser justificados pelo aumento de 40% da produtividade durante o confinamento, o que comprova que esta nova realidade não só funciona, como também poderá ser o futuro do trabalho.

A flexibilidade e o equilíbrio também foram destacados, com 47% dos participantes a indicar que o aumento da flexibilidade foi o fator mais positivo desta imposição e 41% a salientar que conseguiu um melhor equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. 35% acrescentou ainda que gostaram de poder passar mais tempo com a família, com 62% a afirmar que a ligação com a sua família melhorou significativamente.

46% das PME estão a recorrer mais a freelancers agora, devido ao boom do trabalho remoto

Apoiar a transformação digital

O confinamento e a imposição do trabalho remoto serviram como um medidor para a transformação digital ao testar quão preparadas estavam as empresas. Agora, esta transformação é mais imperativa do que nunca, um investimento que a maioria das PME portuguesas reconheceu.

De acordo com os resultados do estudo, 37% das empresas entrevistadas concordaram com a necessidade de um maior investimento na área do marketing digital, como resultado do Covid-19. Construir uma forte presença nas redes sociais (27%), dedicar mais tempo às vendas (25%) e ao marketing (24%) foram apontadas como as restantes áreas de investimento.

O Covid-19 tem sido um golpe brutal tanto no tecido social, como na economia. 27% dos participantes assumiram não estar preparados para este impacto, sendo que os setores da Arte & Cultura (41%), Educação (43,75%) e Turismo e Transportes (63%) os que se sentiram mais afetados.

Por outro lado, quase um terço das PME (35%) reconheceram que “não havia nada que pudessem ter feito para preparar melhor o seu negócio”. Ainda assim, os participantes concordaram que uma melhor tecnologia (29%) e uma melhor preparação para o trabalho a partir de casa (28%) teriam ajudado a enfrentar o confinamento forçado.

O Covid-19 tem sido um golpe brutal tanto no tecido social, como na economia

De quem é a culpa?

As PME portuguesas demonstraram-se bastante cautelosos quando toca a apontar o dedo, atestando a consciência generalizada das fragilidades e limitações do seu próprio negócio. 28% defende que a falta de experiência face a estas situações extremas é o principal culpado, ao passo que 25% diz que ninguém pode ser culpado por um acontecimento tão imprevisível e dramático. No entanto, é interessante observar que quase 20% dos quadros superiores entrevistados crê que não atuou rápido o suficiente.

No que diz respeito ao governo, as empresas manifestaram uma opinião positiva face às ações tomadas, com 63% a considerar que a pandemia foi gerida muito bem ou bastante bem, enquanto 26% atribuíram-lhe a culpa.

62% das PME estão receosas acerca do futuro do seu negócio devido ao novo coronavírus. Mesmo assim, os participantes revelaram-se focados na preparação para um segundo confinamento. Quando inquiridos sobre as áreas onde irão investir para melhor enfrentar outra crise, as empresas destacaram a presença digital (36%), implementação de medidas para eventos futuros (28,4%) e a contratação de mais freelancers (17,4%) como os principais recursos.

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