Portugal vai coordenar um programa de aceleração europeu para a Economia do Mar. O “Atlantic Smart Ports Blue Acceleration Network” foi selecionado pela Comissão Europeia para colocar em marcha uma plataforma de serviços de aceleração em cerca de 400 portos europeus do Atlântico. Este projeto visa atrair startups com soluções para reduzir as emissões de CO2 no setor portuário e pretende mobilizar fundos de investimento num total de 5 mil milhões de euros ao longo dos próximos 2 anos.
O projeto “Atlantic Smart Ports Blue Acceleration Network” (AspBAN) é uma iniciativa da Fórum Oceano e da Beta-i, com o objetivo de lançar as bases de uma plataforma pioneira de serviços de aceleração no setor da Economia do Mar a partir de Portugal. O projeto pretende capacitar os portos atlânticos da Europa para operarem como hubs de inovação de Economia Azul e aceleração de startups.
O consórcio conta com a participação de 11 parceiros europeus e norte-americanos, o apoio de mais de uma centena de parceiros estratégicos provenientes de todo o mundo (empresas privadas, fundos de investimento, aceleradoras, associações empresariais e entidades políticas) e, sobretudo, o envolvimento de 391 portos de diferentes regiões do Oceano Atlântico.
A iniciativa surge para colmatar a necessidade das infraestruturas portuárias diversificarem as fontes de receita do seu modelo de negócio e explorarem oportunidades em áreas emergentes, como aquacultura offshore sustentável, energias renováveis oceânicas e robótica marinha, por exemplo. O objetivo estratégico passa por fazer destes portos um ponto de convergência do ecossistema para o desenvolvimento de novos negócios e de uma economia azul mais sustentável.
Com uma duração de dois anos, o projeto arranca em 2021 com o desenho e a implementação de um programa que pretende atrair 450 startups de todo o mundo, com soluções inovadoras em todos os setores da Economia Azul que usam os portos para o desenvolvimento do seu negócio e operações.
O processo de candidatura para a seleção, que usará a recente metodologia de Environmental, Social and Governance (ESG) taxonomy da UE, iniciar-se-á no princípio de 2022. As 30 melhores startups, identificadas ao longo do processo de aceleração a ser promovido pelo programa no próximo ano, serão selecionadas para desenvolver projetos piloto em 30 portos do Atlântico. Um dos objetivos centrais consiste em alcançar uma redução de pelo menos 100.000 toneladas de CO2 nas operações destes portos.
O projeto tem como meta atrair, no mínimo, 6 milhões de euros em investimento privado efetivo para as startups finalistas, bem como mobilizar 5 mil milhões de euros de potencial investimento privado, contando já com o “Dubai Ports World” como parceiro estratégico – o maior fundo de investimento para infraestruturas marítimo-portuárias sustentáveis do mundo.
Pedro Rocha Vieira, CEO e cofundador da Beta-i, considera que é “uma oportunidade única de construir o primeiro ecossistema de inovação no espaço atlântico que capacita os portos como peça central para o desenvolvimento de oportunidades de negócios em todos os setores da economia azul”.
O programa pretende colocar as startups a trabalhar em conjunto com Portos, investidores privados e públicos, empresas, associações e policy makers, de forma a transformar esta rede de portos do Atlântico em polos de inovação mais sustentáveis e eficientes.
Para Ruben Eiras, Coordenador para o Empreendedorismo, Inovação, Investimento e Financiamento da Economia Azul, na Fórum Oceano, “o AspBAN é uma ação transformadora concreta, que integra e mobiliza todos os atores estratégicos críticos para a criação de um «Silicon Valley» azul em rede no Atlântico: portos, empresas maduras, startups, universidades e finança”. Financiado pelo EMFF – European Maritime and Fisheries Fund e aprovado no âmbito do concurso “Cross-sectoral development of innovative port clusters in the Atlantic: Developing a blue accelerator scheme for Atlantic ports”, o AspBAN conta com os altos apoios institucionais das Nações Unidas, através seu Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para o Oceano, Embaixador Peter Thomson, e do Governo português, através do Ministro de Estado, Economia e Transição Digital de Portugal, Pedro Siza Vieira.