Os governos de Portugal e Espanha vão criar um Centro Ibérico de Investigação e Armazenamento de Energia. A decisão foi ratificada no decorrer da XXXIII Cimeira Luso-Espanhola que reuniu, em Viana do Castelo, os governantes dos dois países. António Costa e Pedro Sánchez decidiram ainda aprofundar a parceria na área da nanotecnologia, investindo numa estratégia ibérica para os semicondutores.
“Apoiámos uma ideia da vice-presidente espanhola, Teresa Ribera, sobre trabalharmos em conjunto o tema do armazenamento da energia. É um dos grandes desafios que temos pela frente e agora que estamos na liderança da produção de energias renováveis, é bom que trabalhemos conjuntamente para acompanhar este desafio que é como armazenar a energia de forma a poder garantir maior segurança energética”, referiu António Costa.
A crise energética é uma preocupação para os dois estadistas, que destacaram a importância do acordo alcançado com a União Europeia para conter o impacto da subida do preço do gás no preço da energia elétrica e de desbloquear o impasse em que se encontravam as interconexões elétricas e de gás entre a Península Ibérica e o resto da Europa. “A excelente cooperação política entre os nossos dois Governos permitiu sempre encontrar respostas para problemas difíceis e abrir caminhos para boas soluções”, acrescentou o Primeiro-Ministro.
António Costa sublinhou que Portugal, França e Espanha têm de apresentar a Bruxelas o projeto sobre as interligações energéticas até 15 dezembro e acrescentou que os governos dos três países estão a trabalhar para que, “depois do encontro em Alicante, no dia 9 de dezembro, possa ser apresentado um projeto comum na União Europeia na data limite, que é 15 de dezembro”.
Investimento na Ciência
A realização de uma cimeira anual de ciência em diferentes áreas temáticas para “estimular o conhecimento e o trabalho conjunto entre os cientistas de Espanha e de Portugal” foi outra decisão da Cimeira Luso-Espanhola.
A criação de uma constelação de satélites entre Portugal e Espanha para recolha e partilha de informação, “seja para acompanhamento do que se passa em terra, seja para a disponibilização de dados essenciais para a investigação científica ou para o conjunto da atividade económica”, foi outra decisão anunciada pelos governantes.
O Primeiro-Ministro português salientou ainda na conferência de imprensa que um acordo foi assinado para o desenvolvimento da fileira da microeletrónica e dos semicondutores. Essa missão será coordenada pelo Instituto Ibérico de Investigação na área da nanotecnologia, sediado em Braga, que “dará uma contribuição essencial por força da investigação que vem desenvolvendo e do conhecimento que vem produzindo nesta estratégia ibérica na área dos semicondutores”.
O objetivo, segundo António Costa, é “juntar as capacidades comuns para contribuirmos para que a Europa recupere a sua autonomia estratégica e não dependa, como até agora, do fornecimento de países terceiros, para uma tecnologia fundamental para quase todas as atividades”.