Empregadores portugueses continuam otimistas nas perspetivas de contratação para o terceiro trimestre do ano. Segundo o estudo ManpowerGroup Employment Outlook Survey, referente ao 3º trimestre de 2022, Portugal é o 2º país europeu com a maior perspetiva de criação de emprego e os setores mais otimistas são os das Tecnologias de Informação, Telecomunicações e Comunicação e Media.
Os empregadores nacionais avançam com perspetivas muito positivas de criação de emprego para o período entre julho e setembro do presente ano, com 41% a esperarem aumentar as suas equipas, enquanto apenas 10% estão a planear reduzir a sua força de trabalho.
Os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey traduzem assim uma projeção para a Criação Líquida de Emprego de +37%, já ajustada sazonalmente para o terceiro trimestre de 2022. Este valor representa um crescimento considerável de 9 pontos percentuais, face ao segundo trimestre do ano, e uma evolução positiva ainda mais acentuada, se comparada com o período homólogo de 2021, ao registar-se uma subida de 23 pontos percentuais.
As conclusões do ManpowerGroup Employment Outlook Survey para o terceiro trimestre de 2022 resultam das entrevistas realizadas a 518 empregadores durante o mês de abril, com os valores a refletirem já o impacto da guerra na Ucrânia nas empresas nacionais.
“Apesar do conflito na Ucrânia, e do consequente acentuar dos desequilíbrios nas cadeias de abastecimento, nos mercados e preços das matérias-primas e combustíveis, a economia portuguesa mantém o crescimento pós-pandemia, tendo o próprio FMI revisto em alta as previsões do PIB Português para 5,8%. Uma estimativa explicada pelo aumento nas atividades de turismo e de serviços, mas também pela procura interna, promovida, entre outros fatores, pelos previsíveis investimentos no PRR”, afirma Rui Teixeira, Country Manager do ManpowerGroup Portugal.
O dinamismo de setores em grande crescimento, como o tecnológico, impulsionado pela digitalização, acentuam as necessidades de talento, o que explica o reforço nas intenções de contratação dos empregadores portugueses, sublinha ainda Rui Teixeira.
“Este sentimento otimista, não está isento de riscos, já que o aumento da inflação – estimada agora a 4,4% pelo FMI – e o impacto do aumento das taxas de juro no endividamento de empresa e particulares poderá traduzir-se em quebras de investimento e aumento das insolvências, com o consequente impacto no emprego. Teremos por isso de continuar a acompanhar a evolução do conflito e também da gestão da pandemia, para perceber os reais impactos a longo prazo na economia e no mercado de trabalho português”, acrescenta.
Otimismo nas ´áreas tecnológicas e de comunicação
Setores das Tecnologias de Informação, Telecomunicações, Comunicação e Media; Banca, Finanças, Seguros e Imobiliário e Restauração e Hotelaria são os que avançam com projeções de contratação mais otimistas.
Acompanhando a digitalização do mercado e posicionando-se como um dos setores com níveis de escassez de talento mais elevados, a área das Tecnologias de Informação, Telecomunicações, Comunicação e Media é a que apresenta, segundo o estudo, as previsões de contratação mais positivas, com uma Projeção de +46%, o que revela um crescimento moderado de 6 pontos percentuais face ao trimestre anterior.
Também o setor da Banca, Finanças, Seguros e Imobiliário avança com uma Projeção muito otimista de +43%, com uma subida considerável de 18 pontos percentuais face ao trimestre anterior, e de 24 pontos percentuais, quando comparada ao terceiro trimestre do ano passado.
O setor da Restauração e Hotelaria segue a mesma tendência, no entanto, apresentando uma Projeção de +40%, demonstra um ligeiro abrandamento nas contratações, de 2 pontos percentuais, face ao trimestre anterior, mas uma subida muito acentuada, de 31 pontos percentuais, se comparada ao período homólogo de 2021, altura em que o setor sofria o impacto das restrições impostas pela pandemia.
Por outro lado, o setor da Produção Primária, que reúne as atividades agrícola, mineira ou de recolha de resíduos, o setor da Educação, Saúde, Trabalho Social e Governamental, bem como o setor da Construção, embora otimistas, são os que avançam com ritmos de contratação mais lentos, com uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de +10%, +21% e +22%, respetivamente.
As previsões seguem uma tendência de abrandamento face ao trimestre anterior, ao decrescerem 8 pontos percentuais no caso da Produção Primária e da Construção e de 2 pontos percentuais no setor da Educação, Saúde, Trabalho Social e Governamental. Já face ao período homólogo do ano passado, a Construção é a que mais evolui com uma subida de 15 pontos percentuais.
O setor Industrial e o Comércio Grossista e Retalhistas apresentam perspetivas mais otimistas, ambos com uma Projeção para a Criação Líquida de Empresa de 28%. Este valor traduz um crescimento de 14 pontos percentuais face ao trimestre anterior, no caso da Indústria, e uma situação de manutenção no caso do Comércio Grossista e Retalhista.
Desta forma, na generalidade, independentemente do setor analisado, os empregadores portugueses esperam reforçar as suas equipas durante os próximos três meses, tendência que evolui positivamente em todos os setores se comparada com o período homólogo de 2021. Já face ao segundo trimestre de 2022, apenas cincos dos onze setores têm previsões mais fortes do que as anteriormente registadas, o que revela um ligeiro abrandamento de trimestre para trimestre.
Região Sul e Grande Lisboa com as maiores previsões de contratação
As cinco regiões de Portugal analisadas no estudo avançam com previsões de contratação positivas para o período de julho a setembro de 2022, apesar de duas não evoluírem positivamente face ao trimestre anterior.
É a Região Sul a que indica a Projeção para a Criação Líquida de Emprego mais animadora, com um valor +36%, 10 pontos percentuais acima das projeções do trimestre anterior e 27 pontos percentuais superior ao mesmo período do ano passado.
Seguidamente, a Grande Lisboa regista uma Projeção de +35%, o que traduz uma subida moderada face ao trimestre anterior, de 7 pontos percentuais, mas acentuada se comparada com o terceiro trimestre de 2021, com uma diferença de 29 pontos percentuais. Uma tendência diferente identifica-se no Grande Porto, que, apesar de avançar com uma Projeção próspera de +32% para o próximo trimestre, surge com previsões que descem 3 pontos percentuais, quando comparadas com o trimestre anterior. Estas representam, porém, um crescimento elevado comparativamente ao mesmo período do ano passado, evoluindo positivamente em 20 pontos percentuais.
Por fim, surgem as Regiões Norte e Centro, que, embora avancem com Projeções mais baixas, mantêm-se com ritmos de contratação saudáveis, ambas com um valor de +24%, mas que refletem tendências de evolução diferentes. Assim, no caso da Região Norte dá-se uma subida de 5 pontos percentuais em comparação com o segundo trimestre do ano e de 17 pontos percentuais, quando comparada com o mesmo trimestre do ano passado. Já na Região Centro, a Projeção para o próximo trimestre representa uma descida considerável de 13 pontos percentuais face ao segundo trimestre do ano, mas consolida a tendência positiva face ao ano passado, com um crescimento de 17 pontos percentuais perante o período homólogo.
São as empresas de maior dimensão as que mais pretendem contratar
As empresas de todas as dimensões preveem aumentar as suas equipas no próximo trimestre. No entanto, são as Médias e Grandes Empresas as que anunciam um ritmo de contratação mais próspero, com uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de +33%, o que traduz ainda uma subida de 7 e 2 pontos percentuais face ao trimestre passado, respetivamente. Se comparada com o período homólogo do ano passado, a subida é ainda mais acentuada, com um crescimento de 16 pontos percentuais nas Médias Empresas e de 23 pontos percentuais nas Grandes Empresas.
Seguidamente, surgem as Pequenas Empresas, cujos empregadores avançam com uma Projeção sólida de +32%, mas que se assume num crescimento de apenas 1 ponto percentual face ao trimestre anterior, continuando, no entanto, a ser a dimensão de empresa que mais cresce comparativamente com o mesmo período de 2021, com um aumento de 24 pontos percentuais.
Entre os quatro tipos de empresas, são as Microempresas as que avançam com a Projeção para a Criação Líquida de Emprego mais baixa, mas ainda assim forte, com +27%, o que se traduz num crescimento de 13 pontos percentuais face ao último trimestre e de 21 pontos percentuais perante o terceiro trimestre do ano passado.
Perspetivas globais otimistas
Globalmente, observam-se perspetivas de contratação otimistas, com 39 do total de 40 países e territórios analisados no estudo a anunciarem planos de contratação positivos para os meses de julho a setembro, embora 12 deles demonstrem uma diminuição ou estagnação face ao segundo trimestre do ano.
Dos países com as previsões mais positivas destacam-se o México, o Brasil e a Índia, com Projeções de +59%, +54% e +51%, respetivamente. Em oposição, a Grécia apresenta uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego negativa, de -1%, seguida de Taiwan e do Japão, com valores de +3% e +4%, respetivamente.
Na Europa, o país com a Projeção mais otimista é a Irlanda, de +42%, logo seguido de Portugal. No polo oposto, depois da Grécia, encontra-se a Polónia, que apresenta uma Projeção de +11.
O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou mais de 40.000 empregadores em 40 países e territórios. Esta é uma pesquisa que se realiza desde 1962, assinalando em 2022 o 60º ano consecutivo deste estudo.