Portugal foi o país com menor adesão a apps de rastreamento de contactos durante a Pandemia

Ilustração de Freepik

Portugal lidera a lista de países europeus com menor utilização de aplicações de rastreamento de contactos durante a pandemia COVID-19. Segundo uma pesquisa do European COVID-19 Survey (ECOS), o lançamento de Contact Tracing Apps, que permitiam o rastreamento de contactos e sinalização de situações de risco, não alcançou o sucesso esperado na União Europeia, com Portugal destacando-se como o país com menos adesão.

De acordo com a Nota Informativa #4 do ECOS, elaborada pelos investigadores portugueses Eduardo Costa e Pedro Pita Barros, a aplicação StayawayCOVID, disponibilizada em Portugal, nunca ultrapassou os três milhões de downloads. Surpreendentemente, mais de metade dos portugueses nunca chegou a instalar a app StayawayCOVID e, apenas seis meses após o seu lançamento, cerca de 60% dos utilizadores portugueses já tinham desinstalado a aplicação dos seus telemóveis.

A análise revelou que três fatores principais contribuíram para a baixa adesão às aplicações de rastreamento de contactos. Em primeiro lugar, a capacidade tecnológica das aplicações com requisitos técnicos elevados e exigindo a intervenção ativa dos utilizadores na introdução de códigos fornecidos pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). Em segundo lugar, a adesão individual de cada cidadão esteve relacionada com preocupações de partilha de dados pessoais, literacia digital e perceção da utilidade da aplicação. Em terceiro lugar, a capacidade de atingir uma escala mínima para gerar um efeito rede também foi um desafio.

A baixa adesão individual em Portugal resultou na incapacidade de atingir uma escala mínima para o eficaz funcionamento da aplicação. O número de instalações (3 milhões) e o número de códigos facultados pelo SNS (apenas 2.708) foram considerados fatores determinantes para a pouca utilidade da aplicação StayawayCOVID.

A utilização das aplicações variou significativamente nos oito países do inquérito do ECOS. A Alemanha registou a mais elevada utilização (32%), enquanto Portugal apresentou a mais baixa (8%). A variação na adesão esteve também relacionada com as características pessoais dos inquiridos, como idade, escolaridade e nível de rendimento.

O relatório ECOS destaca a importância do apoio da população para o sucesso deste tipo de medidas. O equilíbrio entre os custos e os benefícios é determinante para induzir a adoção individual e atingir uma escala mínima, sem a qual as aplicações de rastreamento de contactos não têm utilidade relevante.

Para o futuro, o ECOS sugere que a necessidade de utilização deste tipo de mecanismos seja acompanhada por intervenções específicas junto dos grupos da população com maior resistência à adesão. Entender os fatores que motivam ou inibem a utilização das aplicações é essencial para melhorar a eficácia destas ferramentas em potenciais crises de saúde pública.

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