Pelo segundo ano consecutivo, Portugal melhorou a sua posição no ranking global de competitividade do IMD World Competitiveness Center, subindo uma posição para o 36º lugar. De acordo com os resultados deste ranking, a mão-de-obra qualificada, o custo de oportunidade e as infraestruturas continuam a ser os fatores que tornam a economia nacional mais atrativa.
Entre os principais desafios para 2021 destacam-se a necessidade de crescimento, acima da média da União Europeia, a importância das reformas estruturais no setor público e o reforço de uma estratégia nacional para a transformação digital das empresas que aumente a sua competitividade.
O IMD World Competitiveness Rankings é um estudo que desde 1989 avalia as 63 principais economias mundiais, através de 235 indicadores como desemprego, PIB e despesas do governo em saúde e educação, bem como uma Pesquisa de Opinião Executiva que cobre tópicos como coesão social, globalização e corrupção.
A recolha de dados em Portugal está a cargo da Porto Business School e os resultados são divididos em quatro categorias – desempenho económico, infraestrutura, eficiência do Governo e eficiência empresarial – para dar uma nota final a cada país.
No estudo deste ano os países europeus reforçaram as suas posições no ranking dos mais competitivos a nível mundial, impulsionados pela subida da Suíça ao 1º lugar e da Suécia ao 2º, enquanto o líder do ranking de 2020, Singapura, caiu para a 5ª posição.
Portugal consolida posição no meio da tabela
Portugal voltou a subir no ranking dos países mais competitivos a nível mundial, segundo o ranking de competitividade do IMD World Competitiveness Center, divulgado nesta quinta-feira. O IMD World Competitiveness Ranking coloca Portugal na 36ª posição do ranking das economias mais competitivas a nível mundial, subindo uma posição face a 2020.
Segundo o estudo, Portugal consolidou a sua presença a meio da tabela, com a terceira subida nos últimos cinco anos. No último ano, a economia nacional ganhou em competitividade sobretudo devido a ligeiras melhorias nas Infraestruturas científicas (34º para 31º), no enquadramento social (22º para 20º) e na mão-de-obra qualificada (44º para 42º).
Entre as maiores forças competitivas do país destacam-se as leis para imigração (3ª posição), a força de trabalho feminina (5ª) a qualificação de profissionais de engenharia (5ª) e capacidade de exportação (6ª).
Analisando os indicadores que tornam o país mais competitivo, a mão-de-obra qualificada (85%), o custo de oportunidade (76%) e as infraestruturas (69,3%) mantêm as classificações mais elevadas, reforçando o seu peso na avaliação global.
No sentido inverso, Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer para se tornar mais competitivo, destacando-se a formação de colaboradores (60ª) ou resiliência da sua economia (57ª posição).
leis para imigração e força de trabalho feminina são as forças mais competitivas
O relatório identifica ainda cinco desafios-chave para a competitividade da economia portuguesa, em 2021: garantir um nível de crescimento inteligente do PIB, superior à média da EU, a criação de um quadro fiscal e regulamentar “favorável à empresa e ao investimento” que permita impulsionar a competitividade do país no rescaldo da COVID-19, o reforço de uma estratégia nacional (intersetorial de inovação e empreendedorismo) para a transformação digital, reformas no setor público, nomeadamente nas áreas da justiça, saúde, educação e segurança social e a adoção de acordos políticos para uma estratégia nacional que responda às questões demográficas urgentes, nomeadamente o envelhecimento da população, a baixa taxa de natalidade e as migrações.
Enfrentar desafios para não perder oportunidades
“Considerando o contexto pandémico, à primeira vista poderá parecer positiva a notícia de que Portugal se mantém ‘a meio da tabela’. Porém, uma análise mais cuidada mostra-nos que o país persiste em não dar sinais de reforço da sua competitividade”, alerta Rui Coutinho, Diretor Executivo para a Inovação e Desenvolvimento da Porto Business School.
“Isso significa que outras economias (também afetadas pela pandemia) como o Chipre, a Estónia, a Lituânia, a Letónia ou a Eslovénia estejam hoje muito próximas ou tenham já ultrapassado Portugal ao nível da competitividade das suas economias. E esse é um sinal muito preocupante, ao qual, infelizmente, pouca atenção tem sido dada”, acrescenta Rui Coutinho.
Para o responsável pela Inovação e Desenvolvimento da Porto Business School, o país continua a não abordar os problemas estruturais da economia e isso revela-se no ranking. “Ainda que tenhamos subido uma posição, a nossa performance económica piorou, a eficiência do governo baixou substancialmente (sobretudo devido ao agravamento nas finanças públicas) e os nossos níveis de produtividade e de práticas de gestão continuam preocupantemente baixos”, sublinha.
“Ainda que tenhamos subido uma posição, a nossa performance económica piorou”
“O ranking mostra-nos, sobretudo, a urgência de reformas claras para a competitividade da nossa economia: a necessidade de uma política fiscal mais ‘amiga’ das empresas e do investimento, e o imperativo de um ‘choque de gestão’ que, de uma vez por todas, capacite as nossas empresas para serem mais produtivas. Infelizmente, não vemos essas prioridades claramente plasmadas no PRR e do Portugal 2030 pouco se sabe” sublinha Rui Coutinho, perguntando: “Vamos perder mais uma oportunidade?”
Europa reforça domínio do ranking global
Inovação, digitalização, benefícios sociais e coesão social são a chave para o desempenho económico no ranking de 2021, liderado pela Suíça (1º), Suécia (2º), Dinamarca (3º), Países Baixos (4º), e Singapura (5º).
A Europa mostrou a sua força como um bloco na edição deste ano do ranking. As economias com melhor desempenho caracterizam-se por vários graus de investimento em inovação, atividades económicas diversificadas, e políticas públicas de apoio, de acordo com os peritos do IMD World Competitiveness Center. A força nestas áreas antes da pandemia permitiu a estas economias abordar as implicações económicas da crise de forma mais eficaz.
A Suíça (1º) melhorou o seu desempenho económico, por comparação com o ano passado, quando ocupava o 3º lugar, com destaque para os resultados no investimento internacional e no emprego. Para além disso, sob a eficiência do governo, a Suíça ocupa o primeiro lugar no ranking das finanças públicas e do quadro institucional.
A subida de 4 lugares da Suécia (2º) deve-se sobre tudo à melhoria da sua economia a nível doméstico e ao emprego. Já a Dinamarca (3º) desce um lugar, impactada pela descida na avaliação da competitividade na eficiência do governo, apesar do bom desempenho na eficiência empresarial.
Entre os restantes países europeus, destaque para as subidas da Itália (44º para 41º), Grécia (49º para 46º) e França (32º para 29º), e a descida de Espanha (36º para 39º), ultrapassada agora por Portugal.
Singapura perde posição e China sobe na tabela
A subida da China no ranking, de 20 para 16º, faz com que esta economia mantenha a trajetória ascendente iniciada há uma década, graças à sua contínua redução da pobreza e ao impulso das nas infraestruturas e na educação.
Enquanto Singapura continuou a ser o país asiático com melhor desempenho, não conseguiu manter a posição cimeira que ocupava em 2018 e 2019. Este país deparou-se com problemas de perda de empregos, falta de produtividade, e o impacto económico da pandemia, de acordo com os analistas.
A nível regional, a Ásia Central e Oriental, e a Europa Ocidental e Oriental subiram na classificação geral da competitividade este ano, enquanto a América do Norte e do Sul e a Ásia Ocidental e África desceram.