Portugal tem os recursos para “surfar a onda da nova revolução digital”

As novas medidas, apresentadas esta segunda-feira em Leiria pelo Executivo de António Costa, fazem parte de uma estratégia chamada ‘Indústria 4.0 – Economia Digital’ com a qual se pretende catalisar a transformação digital da indústria portuguesa.

No seu conjunto as 60 medidas vão envolver 50 mil empresas e 20 mil trabalhadores, num investimento que vai mobilizar mais de 2.000 milhões de euros, ao abrigo do programa Europeu de incentivos, em quatro anos. Esta verba poderá duplicar se tivermos em conta a linha de crédito, a juros bonificados já anunciada no âmbito do programa Capitalizar.

Com efeito, este conjunto de medidas não se trata de atribuições de novos fundos, mas sim de uma redefinição da estratégia para o financiamento da modernização das empresas previsto no programa Portugal 2020. Com a estratégia Indústria 4.0 o Governo pretende orientar a aposta para a chamada Economia Digital, baseada no fornecimento de serviços à distância, através de redes de comunicação, permitindo a empresas localizadas nas redes digitais, vender bens ou serviços em qualquer parte do mundo.

‘Esta é primeira grande oportunidade de estarmos na crista de uma nova revolução industrial, sem que a distância ou a falta de recursos nos coloque em posição desfavorável’, afirmou o Primeiro-Ministro, António Costa.

As 60 medidas da estratégia nacional para a digitalização da economia, Indústria 4.0, foram apresentadas numa cerimónia do Governo, em Leiria, onde, além do Primeiro Ministro, estiveram também presentes o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e o Secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos.

Sublinhando que Portugal ‘possui todos os recursos que são essenciais’ para estar na vanguarda da revolução digital, o Primeiro-Ministro acrescentou que ‘este é um daqueles momentos em que não podemos hesitar: se temos medo da onda e procuramos abrigo, ou se procuramos a onda e a vamos surfar. Creio que aqui não há nenhuma hesitação a ter, temos de surfar esta onda’.

Para António Costa, a revolução digital ‘é a primeira revolução industrial em que Portugal não parte em desvantagem’, sublinhando que o país tem os principais ingredientes para o sucesso, ‘uma boa infraestrutura tecnológica de comunicações e, sobretudo, um conjunto de quadros altamente qualificados, universidades e politécnicos dinâmicos, e um tecido empresarial apto a receber o conhecimento’.

O Primeiro-Ministro defendeu ainda que ‘Portugal não pode continuar a ver partir para o estrangeiro os seus recursos humanos qualificados, pelo contrário, temos de continuar a formar mais, a fixá-los, e a dar-lhes perspetivas de desenvolvimento e de futuro aqui no país’, referiu também António Costa. ‘Este emprego é altamente competitivo em termos internacionais’, sublinhou, não sendo possível ‘atrair e fixar talento com uma política de baixos salários’, nem ‘com base na precariedade’.

No mesmo sentido, o Ministro da Economia afirmou que ‘a quarta revolução industrial nos coloca um enorme desafio, mas também uma enorme oportunidade’. ‘A indústria portuguesa está preparada e é capaz de responder a esses desafios, que passam pela apresentação de soluções concretas nos próximos anos, designadamente nas áreas do turismo, agroindústria, retalho, maquinaria e indústria automóvel’, acrescentou Manuel Caldeira Cabral. O Ministro lembrou ainda que ‘os portugueses vão ter de olhar para o desafio das competências digitais, desde o início da vida até ao fim’.

Por seu turno, o Secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, destacou a formação profissional como elemento essencial desta estratégia. As várias iniciativas agora apresentadas ‘permitirão requalificar e formar em competências digitais mais de 20 mil trabalhadores’. João Vasconcelos adiantou ainda que ‘vai haver uma reprogramação dos conteúdos das escolas profissionais’, frisando que a nova economia digital implica ‘uma qualificação ao longo da vida ativa’.

A estratégia nacional para a digitalização da economia Indústria 4.0, abrange todo o tecido produtivo, desde as grandes empresas que vão participar nos programas de formação e desenvolvimento tecnológico, passando pelas PME que vão beneficiar dos programas de adaptação à economia digital e incluído as startups e projetos de investigação de universidades que contribuam para a inovação de produto ou tecnologia.

Do mesmo modo, não será apenas a industria convencional a receber o foco destas medidas. Setores como a agroindústria, terão oportunidade de digitalização a produção, transporte e armazenamento de bens alimentares, enquanto o comércio a retalho poderá beneficiar de apoio ao comércio electrónico, sistemas de logística e marketing digital.

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