A procura por serviços de investigação privada em Portugal registou um crescimento exponencial em 2024, aumentando 94% face ao ano anterior, segundo dados da plataforma Fixando. O aumento da fraude empresarial e das investigações digitais são os principais fatores que impulsionaram este setor, com previsões de uma nova subida de 42% até ao final do ano.
Apesar do crescimento da atividade, os profissionais alertam para a falta de regulamentação, sublinhando que o vazio legal representa um risco tanto para investigadores como para clientes.
Casos de Traição Continuam a Liderar Pedidos
O adultério e a traição continuam a ser os principais motivos para a contratação de detetives privados, representando 62% dos pedidos registados na Fixando em 2024. No entanto, os casos empresariais e as investigações digitais ganham cada vez mais relevância, impulsionados pelo aumento da criminalidade online.
“O avanço da tecnologia e das redes sociais tem impulsionado a necessidade de monitorização de perfis falsos e fuga de informações”, explica Ricardo Baguim, da empresa RBIP – Serviços de Investigação Privada. O investigador destaca que a principal preocupação dos clientes é obter provas concretas para processos jurídicos ou decisões pessoais.
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Setor Exige Regulamentação Urgente
Apesar do aumento da procura, o setor da investigação privada em Portugal continua sem um enquadramento legal claro. Segundo Alice Nunes, diretora de Novos Negócios da Fixando, a falta de legislação pode comprometer a segurança dos clientes e dos profissionais: “Com o crescimento projetado para 2025, o setor de investigação privada está em expansão, mas precisa de uma legislação mais clara e específica para evitar abusos e irregularidades.”
Já João Rucha Pereira, administrador da empresa RUPER, que presta serviços internacionais de investigação, alerta para a necessidade de punir os chamados “detetives clandestinos”, que atuam à margem da lei: “Muitos não têm qualquer formação nem autorização para exercer esta atividade. Rejeitamos pedidos ilegais, como escutas ou investigações criminais, que são competência exclusiva das autoridades, mas há quem aceite este tipo de trabalho sem qualquer escrutínio legal.”
Com o setor em crescimento e um aumento na procura por serviços especializados, a falta de regulamentação continua a ser um entrave à credibilidade da profissão. Para os especialistas, a criação de normas claras sobre a atividade de investigação privada será essencial para garantir transparência, segurança e legalidade neste mercado emergente.