O projeto de I&D liderado pela UpHill em parceria com Luz Saúde e Universidade da Beira Interior foi cofinanciado em um milhão de euros, no âmbito dos incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico +CO3SO, Portugal 2020. A solução, denominada addPath, funciona como um GPS para guiar cuidados de saúde através do recurso à Inteligência Artificial.
A UpHill, o grupo Luz Saúde e a Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior (UBI) viram aprovado um projeto de Investigação e Desenvolvimento (I&D), com um incentivo no valor de um milhão de euros, para a otimização de clinical pathways (ou percursos clínicos, em português). O objetivo é garantir que todos os doentes são tratados de acordo com a melhor evidência científica e, consequentemente, assegurar maior segurança e melhores resultados em saúde.
A solução desenvolvida pela UpHill disponibiliza aos profissionais de saúde uma ferramenta capaz de gerar um plano de cuidados médicos baseado em evidências científicas multidisciplinares, detalhando as ações, decisões, critérios para o diagnóstico, tratamento, acompanhamento e encaminhamento de uma doença ou sintoma. Desta forma, são propostos os percursos clínicos de que os prestadores de cuidados de saúde necessitam para traduzir as melhores práticas normalizadas para a realidade operacional, garantindo que os doentes recebem os melhores cuidados, no que diz respeito aos recursos e infraestruturas disponíveis e à população atendida.
Um GPS para guiar cuidados de saúde
Desde que contacta pela primeira vez com um doente, até estabelecer o diagnóstico, efetuar um ato médico ou prescrever tratamentos, um profissional de saúde soma inúmeras decisões clínicas, que devem estar assentes em evidência científica atualizada e aplicável a cada caso. Por este motivo, nos últimos anos, várias entidades, como as sociedades científicas ou, em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS), têm-se dedicado à produção de orientações clínicas, que ajudam os médicos no momento de decidir que caminho deve seguir um doente em particular.
O impacto da decisão clínica na qualidade dos cuidados de saúde é frequentemente reduzido ao erro clínico, que, em Portugal, tem uma taxa de incidência de eventos adversos evitáveis em ambiente intra-hospitalar a rondar os 11%. No entanto, e apesar de alarmantes, estes valores são apenas a ponta do iceberg e os cuidados subótimos são uma problemática de maior relevância do que apenas o erro clínico.
“A decisão clínica estará sempre rodeada de algum grau de incerteza, que pode ser de natureza técnica, pessoal ou conceptual. Não obstante, é possível mitigar a incerteza técnica e conceptual ao disponibilizar – no tempo e espaço em que a decisão clínica acontece – informação detalhada, atualizada, multidimensional e confiável, relacionada com a abordagem à doença ou síndrome em causa. É precisamente neste ponto que a UpHill tem vindo a focar, com o desenvolvimento de algoritmos de apoio à decisão clínica, e que agora vai elevar para um novo patamar.”, explica Eduardo Freire Rodrigues, cofundador e CEO da UpHill.
A tecnologia pode melhorar as praticas em saúde
Apesar de alguns esforços, e da relação existente entre a adesão às melhores práticas e os resultados positivos, apontada por diversos estudos, persistem alguns desafios no que diz respeito à transposição de evidência científica para a prestação efetiva de cuidados. Aspetos como o ritmo de produção da evidência, as necessidades das unidades de saúde e a adequação das recomendações à prática clínica são frequentemente apontados como barreiras para a implementação e adoção das melhores práticas em saúde.
“O addPath permitirá avançar significativamente o conhecimento técnico-científico nos desafios enunciados, providenciando respostas e soluções que ainda obstruem a adoção de clinical pathways, posicionando este projeto como uma componente fundamental para a implementação generalizada da Saúde baseada na evidência, a nível local, nacional e internacional”, remata Eduardo Freire Rodrigues.
Para Filipe Costa, Head of Value Based Healthcare do Grupo Luz Saúde, estas iniciativas “têm repercussão tanto em termos de resultados para os doentes, como na redução da variabilidade da prestação de cuidados e, consequentemente, um grande impacto nos custos das unidades de saúde.”
Fundada em 2015 por três médicos, a UpHill é uma empresa que desenvolve software e conteúdos médicos para apoio à decisão clínica e análise da qualidade em hospitais e outras instituições de saúde. Atualmente tem presença consolidada no setor hospitalar e farmacêutico em Portugal, e operando também na Grécia, Noruega, Países Baixos e Suécia. Em 2016, a empresa foi reconhecida pela ANJE com o Prémio Jovem Empreendedor, e, no último ano, pela Agência Nacional de Inovação (ANI) com a distinção Born From Knowledge.
O recente financiamento foi atribuído no âmbito dos incentivos à IDT +CO3SO do Portugal 2020, um conjunto de programas transversais e multissetoriais dedicados a empresas, entidades da economia social e entidades do sistema científico e tecnológico.