As marcas são cada vez mais pessoais. Ou deviam ser. O consumidor começa a ter um cuidado mais focado na marca como um todo e não só o produto ou serviço. As pessoas assumem a marca como sendo sua, como fazendo parte de si ou do seu quotidiano, sendo quase embaixadores da sua visão, missão e valores. Um panorama que obriga as marcas a saberem onde pisam e que caminhos percorrem nas suas ações e decisões.
Vamos focar-nos no mais recente estudo levado a cabo pela Fleishman Hillard, que analisou 300 empresas em cerca de 30 mercados. Ficou claro que cerca de 70% dos consumidores têm uma preocupação acentuada em produtos e serviços de empresas que zelam e gerem o seu impacto social e ambiental.
Outro ponto interessante foca-se na forma como as empresas tratam os seus colaboradores. Os consumidores começam a analisar o que é oferecido a quem trabalha em determinada empresa: as condições, se o lugar é bom, se existem oportunidades e a satisfação dos mesmos.
A comunicação e o marketing, segundo o estudo, terão de sofrer também uma alteração interessante. Se antes havia a curiosidade em se conhecer os benefícios dos produtos e serviços, atualmente os consumidores interessam-se da mesma forma pela credibilidade, pela transparência, pela maneira como os seus líderes se comportam ou até como a empresa afeta a sociedade e o meio ambiente onde se insere.
Se anteriormente as pessoas se preocupavam com os produtos, atualmente preocupam-se muito mais com as pessoas.
Os consumidores procuram nas empresas que estas percebam as suas necessidades, que reduzam ao máximo o seu impacto no clima, que pensem na saúde dos seus clientes e funcionários e que contribua positivamente para a sociedade em geral.
Do estudo, encontramos que 75% dos consumidores esperam que os CEOs e líderes das empresas se foquem em questões reportadas pelos clientes, nos produtos e serviços e igualmente pelo bem-estar dos seus funcionários. Conseguir destacar-se da concorrência de forma legal continua a ser um ponto forte.
Um dos pontos mais interessantes é perceber que apenas 47% das atitudes dos consumidores estão relacionadas com a influência dos produtos e serviços. Ficando 53% para as informações disponíveis sobe a gestão, atitudes e quotidiano da empresa envolvendo questões sociais e ambientais.
Assim sendo, estes fatores, que se podem aplicar à maioria do tecido empresarial, moldam as perceções e crenças dos potenciais clientes sobre uma empresa. Conseguir enquadrar as expetativas de quem procura e as experiências de quem oferece pode ser fulcral para perceber as melhores estratégias.
Em termos de comunicação e marketing, saber ouvir em vez de apenas falar é essencial. Os desafios da digitalização e globalização tornam-se também oportunidades para explorar a voz dos que até aqui não a conseguiam fazer ouvir. Torna-se num processo mais moroso, mas que conseguirá, efetivamente, obter resultados palpáveis, voltando ao terreno. E é no terreno que estão e estarão sempre os clientes.