Rainer Märkle, sócio-geral da HV Capital, afirmou que as alterações geopolíticas nos EUA poderão trazer consequências negativas para os mercados europeus a médio e longo prazo, destacando a necessidade de a Europa fortalecer a sua autonomia no cenário global.
Rainer Märkle, sócio-geral da HV Capital, falava no âmbito de um painel de debate sobre o futuro da Europa, esta quarta-feira, na Web Summit, alertando para o impacto das mudanças na política norte-americana nas economias europeias a médio e longo prazo. Märkle considerou que, apesar do impulso inicial nos mercados e da reabertura de oportunidades para ofertas públicas iniciais (IPOs), o cenário futuro poderá ser menos favorável para a Europa, prevendo possíveis barreiras comerciais e tarifas que poderão afetar as exportações europeias.
“Os mercados reagiram de forma positiva e a janela de IPOs vai abrir. No curto prazo, há um estímulo macroeconómico. Mas estou mais preocupado a médio e longo prazo”, declarou Märkle. “Acho que 2025 será um bom ano para os mercados, mas, depois disso, as mudanças nos EUA são uma desvantagem para nós na Europa, e talvez um alerta para que possamos construir um ecossistema global relevante por conta própria.”
Märkle também sublinhou o crescimento do capital de risco (VC) na Europa e o seu papel no financiamento de inovações com impacto positivo. “O setor de VC na Europa está a evoluir para o ponto ideal: financiar inovação real e promover mudanças nos setores de mercado, tornando o mundo num lugar melhor”, concluiu.
No painel “What’s next for european VC”, os investidores Pär-Jörgen Pärson, sócio da Northzone; Cristina Fonseca, managing partner na Indico Capital Partners; e Rainer Märkle, general partner da HV Capital, debateram o financiamento das startups europeias e o futuro do Venture Capital europeu para 2025, num debate moderado por Mike Butcher, editor geral, da TechCrunch.
Impacto da Política de Imigração dos EUA na Retenção de Talentos na Europa
Pär-Jörgen Pärson, sócio da Northzone, também partilhou a sua visão sobre as implicações das políticas norte-americanas, sublinhando que as restrições à imigração poderão beneficiar a Europa em termos de retenção de talento qualificado. “Há muitos mais licenciados altamente qualificados nas universidades europeias do que nos EUA. Com Trump de volta, é provável que haja uma maior limitação de vistos de trabalho, o que é mau para os EUA, mas pode ser uma boa notícia para a Europa, onde a falta de capital tem sido uma dificuldade.”
Pärson acrescentou que, para a Europa manter o seu potencial de inovação, é essencial não politizar questões de diversidade e inclusão, como tem ocorrido nos EUA. “É crucial que a Europa não politize a diversidade, que deve ser vista como uma força e não como uma questão de discórdia.”
Inteligência Artificial: O Futuro Integrado e Sustentável das Startups
Cristina Fonseca, sócia-gerente da Indico Capital Partners, destacou o papel da Inteligência Artificial (IA) nas startups, considerando que esta tecnologia está a tornar-se uma ferramenta fundamental para impulsionar a eficiência e a competitividade. “Em cada setor, vemos tarefas repetitivas que podem ser feitas por um computador de forma mais eficiente do que por um humano. Gosto de ver startups que não se definem como empresas de IA, mas que estão a resolver problemas reais e a usar IA para criar soluções até dez vezes mais eficientes do que há cinco anos.”
Cristina Fonseca acredita que a IA, em breve, estará tão integrada na vida diária como o mobile há 15 anos. “Daqui a cinco anos, a IA estará embutida em tudo. Se uma solução não integrar IA, provavelmente nem será competitiva.” Segundo a responsável da Indico Capital Partners, a pressão para adotar IA é agora uma constante entre as empresas. “Cada empresa sente a urgência de adotar IA para manter a competitividade; caso contrário, poderá enfrentar problemas dentro de poucos anos.”