Re-Source: Alavanca para a inovação na gestão de resíduos

Foto de Sigmund em Unsplash

Re-Source é um programa de inovação colaborativa para a criação de projetos-piloto com o objetivo de tornar a reciclagem mais eficaz em Portugal. As soluções finalistas vão desde um software aplicado à gestão de resíduos, a um sistema com base em Inteligência Artificial para evitar contaminação.

No âmbito do programa Re-Source, promovido pela Sociedade Ponto Verde e gerido pela consultora de inovação colaborativa Beta-i, 14 parceiros e 130 empreendedores de 45 países, incluindo Portugal, uniram-se durante quatro meses para promover a inovação na área da reciclagem. A iniciativa permitiu, até ao momento, a criação de quatro projetos-piloto que passarão agora à fase de aplicação em contexto real, focados em aumentar as taxas de reciclagem em Portugal e em dar origem a novas soluções para categorias específicas de resíduos.

13 startups de 9 nacionalidades participaram no bootcamp de inovação, de forma a passarem da ideia à criação das soluções piloto, sendo que entre os vários desafios que vieram resolver, esteve a necessidade de aumentar a participação do consumidor na reciclagem e potenciar a circularidade de embalagens de vidro e alumínio, com a aplicação dos princípios da economia circular.

Dos projetos já a serem testados ou em implementação faz parte o potenciado pela startup Lixo, cujo projeto-piloto está a ser desenvolvido em parceria com a Amarsul (sistema municipal de tratamento de resíduos da península de Setúbal). Denominado Composição de Fluxos Seletivos – Tecnologias para Economia Circular, consiste na instalação de uma câmara com software integrado que permite monitorizar o conteúdo dos contentores do lixo quando estes são despejados na viatura da recolha. A solução tem como objetivo otimizar a captação e processamento dos fluxos de resíduos, bem como identificar e rastrear a origem de possíveis contaminações.

A Lixo juntou-se também ao parceiro Musami (empresa de gestão e de tratamento de resíduos da ilha de São Miguel, nos Açores) para juntos criarem o piloto MUSAMI Valoriza, que vem integrar Inteligência Artificial na gestão de resíduos, através de um sistema de reconhecimento visual. Os dados recolhidos vão aumentar o potencial de reciclagem no Centro de Triagem, melhorando a tomada de decisão e estabelecendo medidas em tempo real, para evitar a contaminação por resíduos que podem atrapalhar ou inviabilizar o reaproveitamento dos materiais no local.

Foto de Evgeny Karchevsky no Unsplash

Já a Recycle APP by Delta e Valorsul (empresa responsável pelo tratamento e valorização dos resíduos urbanos produzidos em 19 Municípios da Grande Lisboa e da Região Oeste) é um projeto criado pela startup Togenesis e pelas duas empresas parceiras, que consiste num piloto de recolha de resíduos para os estabelecimentos do canal Horeca, que inclui hotelaria, restauração, cafetaria e outros. Baseada num sistema de incentivos para estes locais, a APP mobile tem como objetivo mobilizar e formar os seus proprietários para a reciclagem de papel e cartão, plástico, alumínio e vidro, sendo a interface de comunicação e interação entre estes e o serviço de recolha.

O projeto Unlocking the power of seaweed to replace single use plastic foi criado pela startup norueguesa B’zeos, em parceria com a Colep Packaging, e visa a substituição de embalagens feitas de plástico à base de combustíveis fósseis por uma solução orgânica de utilização única, com base em algas marinhas. Numa primeira fase, será identificado o potencial do material nos produtos da Colep Packaging, sendo depois testado a uma escala industrial.

Para Diogo Teixeira, Co-Founder e CEO da Beta-i, “Apesar de estudos recentes posicionarem Portugal como o 7º país da União Europeia que mais embalagens per capita produz, verifica-se também que o tratamento destes materiais não acompanha a sua produção, ao ocuparmos o 10º lugar no panorama europeu no que respeita a reciclagem, abaixo da média da UE. Desta forma, para responder ao desafio que o processo da reciclagem ainda representa para os consumidores e empresas, o Re-Source surge como uma alavanca para a inovação na área”.

Já Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, refere que “Conseguimos criar um ecossistema global que é transposto para a nossa realidade, ao juntarmos empreendedores e inovadores de diferentes geografias, com parceiros da Sociedade Ponto Verde, estrategicamente posicionados ao longo da cadeia de valor. Desta segunda edição saíram projetos que vão ao encontro do que procuramos: promover o aumento da circularidade de embalagens e o nível de serviço que é prestado, e sejam aceleradores da transição digital do setor.”

Aos projetos-pilotos, foi ainda atribuído por parte da Sociedade Ponto Verde um cofinanciamento de 75% do seu investimento total, de modo a alancar e promover a sua execução.

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