O tão aguardado “Relatório Draghi” sobre a competitividade da Europa foi divulgado hoje, 9 de setembro, revelando que a União Europeia tem enfrentado um crescimento lento desde o início do século, perdendo terreno para concorrentes como os EUA, China e o Sudeste Asiático. Mario Draghi alertou: “Chegámos a um ponto em que, sem ação, teremos de comprometer o nosso bem-estar, o ambiente ou a nossa liberdade.”
O relatório destaca que, desde 2019, a UE aprovou quatro vezes mais regulamentações do que os EUA, com cerca de 13.000 novas legislações, em comparação com 3.000 nos EUA. Este excesso de regulação é apontado como um entrave ao crescimento, sugerindo que a UE deve ser mais focada nas suas ações.
Desde 2008, 30% das startups unicórnios da UE — empresas avaliadas em mais de 1 mil milhão de dólares — saíram do continente devido à dificuldade de crescer na Europa. Nos últimos cinco anos, nenhuma empresa da UE, avaliada em mais de 100 mil milhões de euros, foi criada do zero. O relatório sublinha que a Europa deve refocar urgentemente os seus esforços para fechar a lacuna de inovação com os EUA e a China.
A Europa também está a perder terreno em sete das oito tecnologias críticas, como saúde, defesa e energia, o que coloca em risco empregos bem remunerados e impulsionados pela tecnologia. Além disso, a concorrência da China representa uma ameaça para as indústrias de tecnologia limpa e automotiva da UE.
A dependência europeia de um pequeno número de fornecedores de matérias-primas críticas e tecnologia digital é outro problema. Em termos de chips, 75-90% da capacidade mundial de fabrico de wafers está localizada na Ásia.
Draghi criticou a falta de uma estratégia industrial coordenada na Europa, observando que as políticas industriais dos EUA e da China combinam múltiplas abordagens, enquanto a UE, devido ao seu processo de tomada de decisão fragmentado e lento, não consegue uma resposta igualmente eficaz.
O relatório propõe que a Europa mobilize entre 750 mil milhões e 800 mil milhões de euros anuais para acompanhar concorrentes como os EUA e a China. Para alcançar as suas metas de competitividade e clima, a UE precisará aumentar a sua quota de investimento de cerca de 22% para 27% do PIB, revertendo um declínio de décadas. Draghi sugere que a UE continue a emitir instrumentos de dívida comuns, como os fundos Next Generation EU, para financiar projetos de investimento conjuntos que aumentem a competitividade e a segurança da União.