Replai, startup portuguesa que utiliza inteligência artificial para criar ‘short-videos’ de forma completamente automática e que, neste momento, está a aplicar essa tecnologia à indústria dos esports, levantou €1,1M numa ronda seed liderada pela Bright Pixel e subscrita também pelas Ideias Glaciares, pela Clever Advertising e por um conjunto de de business angels. Este valor será aplicado no desenvolvimento do negócio, no crescimento da equipa e na expansão internacional, com o Reino Unido e os Estados Unidos como mercados prioritários, dada a relevância que os esports têm nessas geografias.
Fundada em 2019 por João Costa e Francisco Pacheco, ambos com experiências anteriores relevantes em mobile gaming e na sua monetização, a Replai é uma plataforma pioneira que automatiza a criação de vídeos de curta duração. Para tal, recorre a algoritmos de inteligência artificial que analisam vídeos mais longos e extraem, de forma quase instantânea, os principais destaques.
Mercado em crescimento
Com os ‘short-videos’ a afirmarem-se como uma tendência em ascensão no universo digital, sendo já um dos formatos que mais atrai a atenção da geração Z, a Replai identificou um espaço por explorar no mercado, uma vez que as ferramentas de edição disponíveis levam muitas horas para gerar vídeos de curta duração em escala. Para colmatar esta lacuna, a startup usa uma tecnologia de inteligência artificial avançada que, além de permitir rapidamente compor vídeos breves com base nos melhores trechos de uma captação mais extensa, consegue adaptar esta seleção às preferências de diferentes utilizadores e prever o seu potencial retorno.
Estas valências, aliadas ao background dos fundadores, numa primeira fase, conduziram a Replai para os esports, uma indústria em crescimento que alcançou um volume de receitas superior a mil milhões de dólares, só em 2019 [2019 Global Esports Market Report, Newzoo]. Aplicada a esta indústria, o que a solução da Replai faz é eleger automaticamente um conjunto de momentos significativos de qualquer livestream de uma competição, produzindo vídeos personalizados para cada rede social, com o intuito de maximizar audiências e gerar valor para patrocinadores e anunciantes, o que resulta em melhores ofertas para o proprietário do conteúdo.
“As previsões apontam que a indústria dos esports irá, em breve, suplantar a dos desportos ditos tradicionais. No entanto, as oportunidades de monetização ainda estão muito aquém de outros setores como o do mobile gaming – que, em 2019, gerou mais de 100 mil milhões de dólares em receitas [The State of Mobile 2020, App Annie], por exemplo. Nesse sentido, a nossa missão passa por ajudar as empresas de esports a tirar partido desta mudança de paradigma e a monetizar os seus conteúdos. Esta ronda permite-nos, acima de tudo, reunir um painel de especialistas em gaming e tecnologia que nos irá ajudar a dar o salto o mais cedo possível.”, sublinham João Costa e Francisco Pacheco, fundadores da Replai.
Orientado para o segmento jovem
Futuramente, outros segmentos de mercado de produção de vídeo beneficiarão deste tipo de tecnologia, proporcionando uma maior flexibilidade na adaptação a um formato que está a ser massificado por plataformas como o Instagram, TikTok e outras.
A tendência de criação não supervisionada de vídeos curtos com base em formatos longos vem alinhar-se com o perfil de consumo das gerações mais jovens, cujo tempo de atenção que dedicam a este tipo de conteúdo em particular é substancialmente diferente de faixas etárias mais velhas. Contudo, o potencial da tecnologia vai mais além, sendo aplicável a segmentos como a produção de notícias, desporto, entre outros.
Para a Bright Pixel, que esteve à frente daquela que foi a primeira ronda da startup, este investimento reflete um reforço da sua aposta em tecnologias emergentes, como é a inteligência artificial, que volta a deixar evidente a notável capacidade empreendedora em Portugal.
As previsões apontam que a indústria dos esports irá em breve suplantar a dos desportos tradicionais.
“Além da solução inovadora, a Replai tem como fundadores dois jovens empreendedores com provas dadas na aquisição de utilizadores, um forte know-how técnico e a ambição de fazer crescer o negócio além fronteiras. Esta combinação de fatores foi decisiva e dá-nos confiança na consolidação do sucesso da Replai”, explica Benjamin Júnior, cofundador e membro da equipa de investimentos da Bright Pixel.
Já Alexander Lubchenko, Chief Marketing Officer da Nekki, destaca que: “A utilização que fazem de inteligência artificial garante escalabilidade, resolvendo diferentes obstáculos que se colocam nas transmissões ao vivo neste setor, ao mesmo tempo que possibilita a criação de conteúdo em vídeo de forma instantânea. Estou, por isso, bastante entusiasmado em ser parceiro da Replai.”
“A solução baseada em inteligência artificial da Replai irá acelerar massivamente a distribuição e a monetização das transmissões de esports, impulsionando o desenvolvimento da indústria. Acredito que o impacto da Replai começará a ser sentido muito em breve, pelo que é um privilégio poder fazer parte desta jornada”, realça, por sua vez, Wolfgang Allisat, Chief Revenue Officer da Unbabel.
A startup portuguesa conta já com uma equipa de cerca de 10 colaboradores e tem como advisors personalidades que fazem parte de gigantes como a EA Sports, a Google e o WhatsApp.