Reportagem Lisbon Investment Summit – Ter uma boa ideia não basta

Escolher a equipa certa e garantir uma carteira de clientes que sustentem a fase de arranque do projeto deve ser o primeiro passo, mas ter em mente que ‘o céu é o limite’. Os grandes investidores e os melhores clientes podem estar além-fronteiras. Por cá, a crise e a mentalidade de muitos empresários, cortam as asas aos empreendedores. É preciso estar atento às oportunidades e pensar em grande, mas sem tirar os pés do chão.

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nnAntónio Mendes, COO da Spindots

Independentemente de se ter uma boa ideia, o importante é ter apoio financeiro para arrancar. Para começar uma startup é preciso ter logo à partida um ou dois clientes, para gerarem tração e permitirem que a equipa se possa concentrar na procura de capital. Sem esse suporte financeiro não se consegue atrair investidores.

A internacionalização é fundamental, em Portugal não há massa crítica. Não há dimensão no mercado para sustentar uma startup, nem muitos investidores dispostos a arriscar. Enquanto um bom projeto poderá conseguir 50 a 100 mil euros de investimento, em Portugal, no estrangeiro esse apoio financeiro pode ser muito maior. Como explica António Mendes da Spindots, é preciso pensar em grande: ‘não podemos pensar local, temos de pensar global, isso dá também confiança ao investidor’.

Apesar da dimensão do mercado e da menor disponibilidade de capital, em Portugal as condições são excelentes para desenvolver um projeto e para trabalhar cá. A qualidade das startups é boa, e isso é reconhecido internacionalmente defende António Mendes, criador de uma plataforma para marketing empresarial.

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nnPaulo Taylor, Mentor no Lisbon Challenge

A ‘tração’, ou seja, a capacidade de conseguir utilizadores para ajudar a ganhar dimensão é também, na opinião de Paulo Taylor o maior problema numa startup. É certo que o tipo de dificuldades muda consoante o tipo de startup, e o que é problema para umas, não é necessariamente para outras.

Por vezes as dificuldades resultam dos próprios membros da equipa, admite este especialista em mentoria, mas ‘errar é normal no empreendedorismo’, sublinha. 90% das empresas acabam por ficar pelo caminho. ‘O falhanço faz parte da vida do empreendedor e não há problema em falhar uma, duas ou três vezes. Mas se for persistente acaba por conseguir vingar’.

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nnJorge Santos, Founder Magnifinance

Por todas essas dificuldades passou Jorge Santos. Ele e outros colegas do curso de Informática da faculdade juntaram-se para ‘para construir algo diferente’ e, como é habitual no universo das startups, falharam muitas vezes. As dificuldades financeiras também condicionaram os projetos, mas foram os problemas de gestão que os levaram a encontrar a solução que acabaria por ser a sua startup de sucesso.

A Magnifinance é uma plataforma que automatiza os procedimentos de gestão financeira numa empresa. Este conceito desenvolvido a partir de uma necessidade sentida pela própria equipa, abriu-lhes portas para o prémio Caixa Empreendedor, e rendeu-lhes 200 mil euros que foram um impulso para o projeto. Agora, com uma carteira de 85 clientes nacionais, estão a preparar-se para dar o salto da internacionalização. A próxima meta é chegar aos 500 clientes, mas a batalha do sucesso ‘é para vencer todos os dias’.

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nnJoão Diogo Caldas, Managing Director da Sportmultimedia (dir.)

A Sportmultimedia é uma empresa associada à Sportinvest e não passou pelas dificuldades financeiras que enfrentam outras startups. Esta plataforma de distribuição de vídeos de desporto on demand teve um investimento forte – antes mesmo de desenvolver o protótipo – uma vantagem que nem todas as empresas conseguem obter na sua fase inicial. A sorte de conseguir juntar um grupo, onde todos os elementos associados ao projeto já tinham experiencia é apontada também por João Diogo Caldas como um valor acrescido, no arranque da empresa.

Se nem todas as empresas têm a sorte de encontrar logo a equipa com o know-how para certo para o projeto e o apoio de um grande grupo financeiro, as incubadoras e os aceleradores de startups são uma boa ajuda para quem está a começar. ‘São entidades que facilitam a vida ao empreendedor’.

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nnWalter Palma, Diretor da Caixa Capital

As dificuldades económicas que atingem o mercado nacional não podem ser negligenciadas, mas o tecido empresarial vai ter que mudar. Essa necessidade ainda não foi particularmente percebida pela indústria portuguesa, aponta Walter Palma, da Caixa Capital. Na sua opinião é preciso modernizar e incorporar novas ideias e esse contributo pode ser dado pelas startups. Todavia, o empreendedor português tem dificuldade em chegar ao investidor nacional e, desse modo, criar a tração inicial para chegar aos mercados internacionais.

É essencial para quem quer começar um projeto empresarial em Portugal, que comece por ganhar clientes logo no seu projeto inicial, para potenciar a sua proposta de valor. ‘Em vez de ir ao investidor, é ir ao cliente’ defende este responsável da banca, são os primeiros clientes que dão sustentação ao projeto e o tornam atrativo para o investidor e particularmente para o investidor internacional. nPensar global deve ser inerente a todo o empreendedor, ainda que a proximidade seja uma vantagem para quem está a começar, as oportunidades estão no mundo global. E é possível chegar lá pela Internet, sem sair daqui’.

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nnAndré Marquet, CEO da Produtized

André Marquet acredita que há um nicho para as aceleradoras de startups de hardware, e está a desenvolver uma plataforma que permite às empresas acederem a um serviço de consultoria especializada e a laboratórios para desenvolverem os seus projetos. A diferença em relação a outras aceleradoras de startups que já existem em Portugal são as necessidades específicas das empresas produtoras de hardware. Enquanto as produtoras de software desenvolvem aplicações para utilização através da web, as de hardware produzem gadgets de consumo. ‘Este é um mercado promissor, porque as startups de harware estão a crescer e não há muitos aceleradores de startups vocacionadas para as ajudar’.

Na Europa há apenas dois aceleradores do género – na Estónia e Itália – o que representa uma oportunidade para o projeto português. ‘Queremos criar uma plataforma de Lisboa para o mundo, e aproveitar a pouca oferta europeia como uma vantagem’ explica o CEO da Produtized, que pretende acompanhar as grandes tendências internacionais dos Estados Unidos à China e fazer ‘o melhor acelerador de startups de harware na Europa’. No projeto está agendado já um meeting de 12 a 19 de setembro, na Faculdade de Belas Artes, em Lisboa e uma conferência em outubro. O projeto arranca a fundo em 2016, com um programa de três meses e acompanhamento diário das equipas participantes, na linha do que se faz atualmente o The Lisbon Challenge, mas com laboratórios para a execução de protótipos necessários para o desenvolvimento dos projetos das startups de harware. No fundo, uma startup que ensina outras a crescer.

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