Riqueza em Portugal cresce 3,3% em 2021

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O património a nível global registou o maior crescimento da última década. Em Portugal a tendência também foi de crescimento, embora menos acentuada, sendo que 12% dos portugueses possuem mais de 100 milhões de euros

O património financeiro global teve, este ano, a maior subida anual da última década, corroborando as expectativas do relatório de 2021 da Boston Consulting Group (BCG). De acordo com a publicação “Global Wealth 2022: Standing Still Is Not an Option”, o valor recorde de património financeiro, 530 biliões de dólares ($530 Trillion) em 2021, foi alimentado maioritariamente pelos ganhos nos mercados acionistas e um aumento da procura de ativos tangíveis.

Em Portugal, o crescimento do património foi de 3,3% em 2021, elevando a riqueza pessoal para 0,6 biliões de dólares ($0,6 Trillion). Segundo o relatório da BCG a perspetiva é de continuar a crescer 2,9% por ano, até 2026. Ainda assim Portugal distanciou-se ligeiramente do conjunto dos restantes europeus. Em 2020 a riqueza dos portugueses representava 1,2% do património total da Europa Ocidental, em 2021 essa fração correspondia a 1,1%.

O país mostrou um crescimento moderado no último ano, abaixo dos 6% verificados na região. Contudo, considerando os ativos tangíveis (48% do património total), a relação é inversa, tendo-se verificado um aumento de 9%, face aos 8% do contexto europeu. Até 2026, é expectável que cresça 5% anualmente, acima dos 4% da região.

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12% dos portugueses possuem mais de 100 milhões de euros

À semelhança do ano anterior, o dinheiro vivo e depósitos mantêm-se como a classe de ativos predominantes em Portugal, perfazendo um total de 47% da riqueza, acima do verificado na Europa Ocidental (30%) e no mundo (27%). Não obstante, espera-se que as ações e fundos de investimento cresçam a um ritmo superior nos próximos cinco anos – 3,6% por ano em contraponto com os 2,4% na classe de dinheiro vivo e depósitos.

Relativamente à distribuição de património, em Portugal a maioria continua a ser detida pelos que possuem um património total abaixo de 250 mil euros (51%) semelhante ao verificado nos dois anos anteriores. Contudo, espera-se que o peso relativo caia 2 pontos percentuais (p.p.). até 2026. Numa tendência contrária, 12% do património é detido pelos que possuem fortunas superiores a 100 milhões de euros, segmento que deverá contar com um crescimento de 1 p.p. até 2026.

Ásia-Pacífico com as maiores taxas de crescimento de riqueza

O estudo conclui que, apesar dos fatores geopolíticos e económicos desestabilizadores, nomeadamente a inflação e a invasão da Ucrânia, é provável que nos próximos cinco anos sejam gerados aproximadamente 80 biliões de dólares ($80 Trillion) em património. Espera-se, ainda, uma notável mudança a nível geográfico, com Hong Kong a ultrapassar a Suíça em 2023 como a região que gere a maior quantidade de património transfronteiriço privado, pondo fim a um domínio de mais de 200 anos.

“O desenvolvimento de património é resiliente e, mesmo num contexto de turbulência geopolítica, a taxa de crescimento deverá continuar a ser positiva”, afirma Pedro Pereira, sócio da BCG em Portugal. “A aversão ao risco do investidor português mantém-se, com a predominância em ativos como o dinheiro vivo e depósitos quando comparado com o resto do globo. Ainda assim e decorrente da incerteza quanto à conjuntura futura, começamos a ver uma maior aposta em seguros do ramo vida e pensões.”

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O relatório prevê ainda que o nível de património continue a aumentar em todas as regiões, sendo que a região Ásia-Pacífico deverá manter as taxas mais rápidas de crescimento, com uma taxa de crescimento anual (CAGR) de 8,4%. No caso de essa taxa se manter, até 2026 a região poderá albergar quase um quarto do património mundial.

O património no Médio Oriente e em África conta também com uma tendência crescente, sendo previsto aumentar 5,4% anualmente nos próximos cinco anos. Na América do Norte, o crescimento será mais lento quando comparado com os anos anteriores: 4,7% até 2026 em contraponto com a média de 9,1% nos últimos cinco anos. Do mesmo modo, na Europa Ocidental, o crescimento deverá decrescer, dos 4,5% observados nos últimos cinco anos para um nível abaixo de 4% de aqui em diante.

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