A mudança de Governo em Portugal levanta preocupações sobre a execução do PRR, com especialistas e agências de notação financeira alertando para riscos de atrasos e perdas de fundos.
A mudança de Governo em Portugal, após as eleições legislativas, tem suscitado preocupações quanto à implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Especialistas e entidades como a agência de notação financeira DBRS alertam para possíveis atrasos e perdas de fundos decorrentes da instabilidade política.
A agência DBRS destacou o risco de um Parlamento bloqueado e de um Governo instável dificultarem a implementação do PRR, podendo até precipitar novas eleições antecipadas. Além disso, a comissão responsável pelo acompanhamento do PRR admite que o resultado das eleições agrava o risco de atrasos e perda de fundos, especialmente devido à necessidade de aprovação de reformas pela Assembleia da República.
André Lopes, da consultora fiscal e financeira Capitalizar, sublinha a importância do novo Governo procurar estabilidade e consenso para garantir a execução do plano. André Lopes salienta ainda que, apesar da incerteza, pode ser uma oportunidade para adaptar o PRR às novas prioridades do país.
“Com um compromisso firme e um processo inclusivo, o PRR pode ser um instrumento crucial para o desenvolvimento e a recuperação económica de Portugal. É ainda expectável que o novo Governo tenha uma visão própria para o plano, buscando adaptá-lo às suas prioridades e à realidade mais atual do país. Essa nova perspetiva pode ser uma oportunidade para aprimorar o PRR e garantir sua eficácia.”
Das 10 transferências de Bruxelas, previstas no PRR, Portugal já recebeu quatro e espera-se a chegada de mais duas este ano. No entanto, a solicitação de libertação de novos fundos ainda não foi enviada à Comissão Europeia, o que poderá atrasar a vinda do dinheiro e obrigar o próximo executivo a aprovar reformas em tempo recorde.
