Salários são determinantes na atração de Recursos Humanos em Portugal

Foto de Omid Armin em Unsplash

Um terço dos responsáveis de recursos humanos em Portugal admite que os aumentos salariais e a atribuição de bónus, ou outras compensações monetárias, são os dois fatores mais determinantes para justificar o nível de motivação dos seus colaboradores. A pesquisa realizada pelo Kaizen Institute, em parceria com a Hays Portugal, revela ainda que essa é, na opinião da maioria dos inquiridos, a prática mais comum em Portugal e na Europa, para atrair e reter talento.

A imprevisibilidade do mercado parece não ter tido impacto ao nível do grau de motivação dos colaboradores das empresas inquiridas. Com efeito, numa escala de 0-20, a motivação permanece com 14 pontos, à semelhança do que observado na última edição do Barómetro RH 2021/22.

40% dos inquiridos afirmam mesmo que a motivação dos trabalhadores das suas empresas evoluiu positivamente nos últimos 12 meses. Para contribuir para estes resultados, 31% dos gestores de RH destacam os aumentos dos salários e a atribuição de bónus e outras compensações monetárias. Já 26% dos gestores apontam outros fatores como cruciais, nomeadamente: a cultura da empresa e a adoção de um modelo de trabalho híbrido com a respetiva flexibilidade horária conferida aos colaboradores.

A intensificação da escassez de talento parece ser um dos maiores desafios do mercado de trabalho para os gestores de RH. Para 42% dos inquiridos, a retenção de talento e a contratação de novos profissionais são as principais prioridades das empresas em relação aos recursos humanos.

Estas escolhas contrastam com o que se observou na anterior edição deste barómetro, onde o topo das prioridades tinha como foco a preparação dos colaboradores para diferentes cenários no médio/longo prazo e a melhoria das condições de segurança e higiene no trabalho.

“Para fazer frente a esta escassez de talento, os empregadores apostam cada vez mais em estratégias de atração e retenção de talento e, de acordo com dados deste barómetro, os prémios de referenciação são uma das estratégias de eleição – não são uma prática nova no mercado de trabalho, mas voltaram agora a ganhar especial destaque nas estratégias dos RH”, explica Sandrine Veríssimo, Regional Director da Hays Portugal.

Estes prémios que as empresas atribuem aos colaboradores acontecem em áreas ou perfis que são mais difíceis de recrutar, seja pela complexidade da função, seja pela falta de mão-de-obra disponível ou pela forte competitividade do mercado em questão, como acontece em áreas de consultoria, digital, Shared Service Center, etc..

“Atualmente, a complexidade e competitividade do mercado de trabalho tem exigido às empresas um maior investimento de recursos nos processos de recrutamento”, adianta Sandrine Veríssimo. “Enquanto especialistas no setor, temos notado, que há cada vez mais empresas a externalizar os seus processos de recrutamento, porque é cada vez mais difícil abordar os candidatos certos. Há mais empresas a precisar de recrutar, no entanto, os candidatos disponíveis são inferiores a esta necessidade, e chegar ao perfil ideal é difícil.”

Novas prioridades: atrair, reter e cultivar talento

Para atrair, reter e desenvolver os melhores talentos para os seus negócios, um eficaz processo de onboarding é fundamental. Neste campo, as duas principais prioridades enaltecidas pelas empresas incidem na criação de um programa de mentoria envolvendo os colaboradores mais recentes e mais antigos da empresa (57%) e a criação de um programa personalizado (45%).

Ainda antes disso, e no âmbito do processo de recrutamento, as empresas procuram suprimir as lacunas nas competências da organização através da identificação de novas funções e posições (55%). O rejuvenescimento das empresas, são também prioridade para 45% dos inquiridos.

Dentro das temáticas de diversidade, inclusão e equidade no trabalho, 49% dos inquiridos diz ter apostado na criação de um ambiente inclusivo em que cada colaborador se sente valorizado e 46% tem vindo a promover programas de tutoria, coaching e de carreira para cumprir este compromisso.

Estas estratégias permitem fomentar o sentimento de pertença à empresa, um tema relativamente ao qual, 58% dos inquiridos revela existir consciência da importância reforçando que já têm iniciativas em curso neste sentido.

O trabalho remoto transformou-se, deixando de ser um privilégio ocasional para uma expectativa dada como adquirida para grande parte dos colaboradores. Nesta linha, 46% admite ter adotado um modelo de trabalho híbrido com 43% das pessoas a apostar em 2 dias de teletrabalho/semana. No entanto, 54% afirma ter optado pelo regresso ao modelo de trabalho presencial.

Dentro dos maiores entraves na implementação do trabalho híbrido, 46% menciona a dificuldade de manter o espírito de equipa, motivação e sentimento de pertença à distância; já 43% aponta a falta de garantia de comunicação eficiente e clara.

“Esta edição do Barómetro RH 2021/22 denota uma nova era na gestão de recursos humanos. A relevância do papel dos Recursos Humanos para as organizações nunca foi tão proeminente como nos últimos anos. A intensa transformação que atravessamos, tem vindo a gerar desafios cada vez mais complexos para as empresas. Neste sentido, e para assegurar o sucesso num ambiente empresarial tão volátil, é essencial que os RH reforcem ainda mais o seu papel no processo de transformação e de gestão da mudança dentro das organizações”, afirma Filipe Fontes, Diretor do Kaizen Institute Western Europe.

O Barómetro RH 2021/22 inquiriu cerca de 150 diretores de Recursos Humanos de grandes e médias empresas nacionais, com o objetivo de avaliar a resposta das organizações às principais tendências e desafios atualmente verificados na Gestão das Pessoas, bem como o grau de motivação e produtividade dos colaboradores.

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