A Goodfin pretende construir um supermercado de empréstimos e seguros e acessível online e que permita fazer contratos sem visitar um banco ou agência seguradora.
A startup portuguesa está a desenvolver um mercado financeiro onde o utilizador pode comparar as características e os preços dos serviços de ancos e seguradoras e contratualizar o serviço no site. Com esta proposta, a Goodfin pretende mudar a prática habitual que obriga a uma complexa pesquisa de preços e serviços, e depois de preencher vários formulários, esperar 48 horas pelo contato telefónico ou de email com a confirmação.
Muitos clientes à moda antiga visitam pessoalmente o escritório de um agente ou companhia de seguros. E isso não é surpreendente: nos sites de alguns bancos e seguradoras, embora seja possível comprar alguns produtos remotamente, isso é ainda uma gota no oceano e o processo é muito confuso. Por outro lado, os comparadores em funcionamento têm uma pequena parte de produtos de alguns fornecedores, mas nem todas as informações são relevantes e não oferecem a possibilidade de registo online.
“Hoje ninguém vai a uma loja de marca única para comprar uma TV, assim como não vai a uma loja de TV. Em 2020 ninguém vai a lado nenhum, está tudo na Amazon”, é a analogia do fundador da startup, Oleg Zharov.
No Reino Unido, os marketplaces levaram 5 anos para alcançar 50% do mercado de seguros de automóveis e, após 12 anos, a sua participação passou para 75%. Dinâmicas semelhantes são observadas em outros países e é isso que a Goodfin espera de Portugal.
“Todos beneficiam com este modelo. Bancos e seguradoras podem concentrar-se em modelos de pontos de crédito (scoring), desenvolvimento de produtos e solução de problemas do cliente, poupando na distribuição e tecnologia”, explica o responsável da empresa. Já “os clientes obtêm os melhores preços, comparação clara dos benefícios dos produtos e formalização online instantânea.”
Uma das vantagens da Goodfin é o foco no público imigrante, para o qual pretende direcionar mais as suas propostas de marketing. Os produtos na montra online serão apresentados em três idiomas – português, inglês e russo – tornando muito mais fácil para um imigrante escolher os termos e condições e comprar uma apólice online do que entrar em contato com um agente e comprar um seguro da empresa que esse agente mais gosta.
Segundo a Pordata, o número de estrangeiros com residência em Portugal aumentou nos últimos cinco anos de 218 para 346 mil, excluindo os países de língua oficial portuguesa. Qual o banco ou seguradora, se recusaria a dobrar sua base de clientes em pouco tempo, simplesmente vencendo a barreira da língua?
Embora a proposta possa parecer muito atrativa, a startup está até agora a lidar com dificuldades para se comunicar com os bancos. É claro que nem todos estão tecnicamente prontos para integração e troca de dados online, e a Goodfin, como empresa de TI, promete assumir todo o trabalho. Hoje a plataforma tem acordos preliminares com dois bancos e duas seguradoras e está a tratar dos processos de obtenção de licenciamento do Banco de Portugal e Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).
Mas a startup incentiva as instituições a aderirem ativamente à construção da “Amazon financeira” portuguesa, enquanto não chega a verdadeira Amazon, que se estreou recentemente no mercado indiano de seguros, com uma base de clientes de 100 milhões de utilizadores.
A startup investiu 50 mil euros de recursos próprios no desenvolvimento da plataforma e conta com uma equipa com competências financeiras, compliance, marketing e suporte, sediada em Lisboa. Já o escritório de desenvolvimento está distribuído em todo o mundo e é representado por engenheiros de vários países.
O lançamento do projeto está previsto para o final do ano.