O trabalho remoto é a nova realidade do mercado laboral por todo o mundo. Contudo, ainda são muitas as empresas portuguesas que o apelidam de teletrabalho, apesar de serem conceitos diferentes. Com o intuito de desmistificar o tema, a Remote Portugal lançou uma plataforma de educação e conexão, que tem como principal objetivo implementar e normalizar o trabalho remoto em Portugal.
Para a maioria da população, conceito de trabalho remoto surgiu em consequência do novo coronavírus. De acordo com os últimos dados do INE, 998,5 mil pessoas (91,2% da população empregada) indicaram que a razão principal para ter trabalhado em casa se deveu à pandemia. Do ponto de vista do trabalhador, esta mudança teve um impacto positivo nas suas vidas com 89% a admitir estar satisfeito com a situação de teletrabalho atual, segundo o estudo realizado pela Robert Walters sobre o impacto do COVID-19 na vida profissional dos portugueses.
Também em maio deste ano, a JLL já havia divulgado que cerca de 95% dos portugueses gostaria de, quando a pandemia terminasse, poder dividir os dias de trabalho entre o escritório e a sua casa. Contudo, como atestado pelo relatório sobre ‘remote work’ desenvolvido pela Deloitte, as empresas portuguesas não estavam preparadas para esta realidade, o que levou à implementação de procedimentos e estratégias sem conhecimentos base sobre esta forma de operação. Ainda assim, as portuguesas GoContact e Infraspeak representam dois casos de sucesso, tendo inclusive anunciado que o trabalho remoto vai ser implementado enquanto política da empresa.
“Neste momento já não é uma questão de se o trabalho remoto é o futuro, mas quando é que vai ser o novo normal de todas as empresas. Acredito que o mundo vai mudar muito e é por isso que hoje mais do que nunca faz sentido lançarmos o Remote Portugal. Queremos ajudar empresas e indivíduos a transformarem a forma como trabalham e consequentemente as suas vidas,” explica Gonçalo Hall, cofundador da Remote Portugal.
Para além dos benefícios para o trabalhador e empresa, o trabalho remoto, que ao contrário do teletrabalho aufere, por exemplo, um maior grau de flexibilidade e liberdade, que por sua vez resultam na descentralização das grandes cidades. Ou seja, através de uma melhor democratização do acesso ao emprego e oportunidades do mercado, será possível assistir à criação de um maior equilíbrio na distribuição populacional, a uma redução das rendas nas cidades, bem como a um menor impacto ambiental.
O site Remote Portugal visa explorar estes temas através de artigos e da partilha de experiências. O projeto nasceu da parceria entre Matilde Leitão, Miguel Costa (TravelB4Settle) e Gonçalo Hall, e já conta com uma equipa de 45 voluntários portugueses, que se disponibilizaram para ajudar aquando a publicação do anúncio nas redes sociais.