Startup Sqill: “Sempre tivemos o bichinho do empreendedorismo”

Vencedores do Concurso Montepio Acredita Portugal lançam conceito com nova marca

Afonso Coimbra, André Perdigão e Tiago Trindade são os fundadores da Sqill
Foto: Afonso Coimbra, André Perdigão e Tiago Trindade são os fundadores da Sqill

Afonso Coimbra, Tiago Trindade e André Perdigão são os fundadores da Sqill, uma app de vídeo orientada para o talento desportivo, com o objetivo de reinventar a forma como os atletas expõem as suas qualidades, conectando-os à sua procura de clubes, olheiros e agentes. A app aposta em vídeos de pequeno formato para mostrar de forma digital as características de um jogador e, através da inteligência artificial, potenciar a ligação entre as diferentes entidades da procura e a oferta.

A ideia surgiu numa viagem à India, em 2018, quando Afonso Coimbra reparou nas dezenas de pessoas que faziam fila para receber um autógrafo do Deco enquanto, do outro lado da rua, jovens descalços jogavam críquete. “Constatei, naquele momento, algo que é mais ou menos senso comum: o desporto no seu sentido mais lato é hoje em dia totalmente global, no entanto o mercado de talento desportivo contínua muito local e fechado, havendo poucas oportunidades para o talento se expor de forma mais global”.

Afonso Coimbra considera que há um problema na procura e oferta de talento desportivo. “Enquanto jogadores de topo estão constantemente expostos a oportunidades de crescimento e mudança, os jogadores nas divisões inferiores não têm a mesma experiência – não têm acesso a oportunidades para se profissionalizar, seja no seu país, seja fora. E porque é que este gap existe? Jogadores em ligas de topo têm os seus direitos transmitidos na televisão todos os fins-de-semana. Todos os outros não têm forma de se mostrar…”

O mesmo problema também existe do lado dos clubes. “Os clubes de topo têm na sua estrutura departamentos de olheiros para encontrarem os melhores talentos pelo mundo. Todos os outros estão limitados a redes locais, fechadas e muito dependentes de intermediários. Não conseguem aumentar de forma rápida a qualidade das suas equipas”.

A Sqill propõe-se criar as ferramentas para trazer para o digital o mercado do talento desportivo. “Ao contrário de outras indústrias de talento, como o Soundcloud para os músicos ou o Behance para designers, o mercado de talento desportivo ainda não tinha a sua plataforma central e digital. A Sqill tem assim a missão de aumentar o nível do desporto, garantindo que todos os atletas com talento têm a oportunidade de atingir o seu máximo potencial”, sublinha.

aspeto visual da app num smartphone
Fotograma do vídeo de promoção da sqill

Colocar o conceito à prova

Inicialmente desenvolvido com o nome DIME, o conceito da Sqill foi um dos projetos vencedores do concurso Montepio Acredita Portugal, de 2020, tendo sido premiada na “Categoria K.Tech”, dedicada a projetos tecnológicos. “Concorremos ao Acredita com os objetivos de entrar e compreender melhor o ecossistema português de empreendedorismo, e de colocar o nosso conceito à prova”, destaca Tiago Trindade.  

“No final, ultrapassámos todas as nossas expectativas iniciais”, acrescenta, “Primeiro, porque vencemos o prémio tecnológico do maior concurso de empreendedorismo da Europa (uma categoria que contou com cerca de 2000 projetos). Depois, e acima de tudo, porque ao longo do caminho fomos maturando o nosso projeto e o caminho foi ficando mais claro, através de todas as interações com outras startups, mentores e júri – que também nos permitiu construir uma rede muito relevante”.

“Concorremos ao Acredita com o objetivo de colocar o nosso conceito à prova”

Tiago e Afonso conheceram-se profissionalmente, quando trabalhavam na Sonae. “Sempre tivemos um bichinho pelo empreendedorismo e estávamos à espera da ideia mais adequada para nos dedicarmos de forma mais séria”, recorda Tiago. 

Hoje a equipa conta com cinco elementos, com Afonso Coimbra responsável por produto e marketing e Tiago Trindade nas áreas de vendas e parcerias. Aos dois fundadores da DIME, a restruturação do projeto trouxe também André Perdigão como cofundador da Sqill e responsável tecnológico. “Nenhum de nós programava de forma eficiente e, tendo em conta que estamos a desenvolver um produto tecnológico, juntámos de forma natural o André – que é quem faz a magia acontecer – à equipa de fundadores” explica Tiago Trindade.

“Os três, contamos com mais de 20 anos de experiência combinada em projetos digitais e gestão de produto em vários setores de atividade, complementada pela liderança de várias equipas de tecnologia. Também já tínhamos passado por outras experiências anteriores em startups, o que nos permitiu não repetir alguns erros do passado”, sublinha.

A equipa completa-se com Samuel Nunes, no Front-end developer e Ricardo Oliveira como advisor de futebol.

“fez uma diferença enorme passarmos a ser os vencedores do maior concurso de empreendedorismo da Europa”

Depois de vencer o concurso, a startup capitalizou a rede desenvolvida através da Acredita Portugal para chegar a potenciais investidores. “Nestas interações, fez uma diferença enorme o facto de deixarmos de ser uma “startup de desporto” para passarmos a ser “os vencedores do maior concurso de empreendedorismo da Europa”, tendo esta exposição ajudado também a sermos incubados pela StartUp Lisboa e acelerados pela Demium. Depois, tirámos o maior proveito dos prémios do concurso, particularmente a ajuda preciosa que nos tem sido dada pela KCS IT, principal patrocinadora do prémio e que nos permitiu lançar a primeira versão do produto no início de 2021 e angariar os primeiros 100 test users”, destaca Tiago Trindade.

Depois de um “soft launch”, em fevereiro, para recolher feedback do utilizador para evolução do produto e negócio, a equipa pretende dedicar os próximos meses a aperfeiçoar o produto em linha com o feedback recebido e a trabalhar de forma mais agressiva a estratégia de marketing para o lançamento oficial da Sqill no início da próxima época desportiva.

Imagem de Keith Johnston por Pixabay

Acredita tirou a sqill da “gaveta”

“Começar um projeto de empreendedorismo em Portugal é uma tarefa bastante complicada. Por um lado, se a transição acontece logo após a faculdade, não há ainda a literacia nem maturidade necessária para o fazer. Por outro, se essa mudança acontece uns anos mais à frente, a transição de uma carreira para um projeto empresarial não tem ainda os apoios que poderia. Com família e contas para pagar acabam por ser inúmeros os projetos com potencial que ficam na gaveta”, explica Afonso Coimbra.

“Para todas as ideias na gaveta, há o Acredita. Foi o Acredita que tirou a sqill da “gaveta”. O Acredita – passe a redundância – acredita nas pessoas e nos projetos, independentemente do background e experiência”, frisa. “O concurso é uma forma de maturar a ideia ou conceito que estejam a desenvolver. Os seis meses do processo desafiam os concorrentes a ir subindo na difícil escalada de montar um negócio para, no final, se chegar ao… Início do percurso”.

“Para todas as ideias na gaveta, há o Acredita”

Esse “novo começo”, acrescenta Afonso Coimbra, é bem diferente do inicial. “Com um produto viável montado e validado pelos utilizadores, com os apoios necessários, o caminho fica mais claro e abre o acesso à rede de empreendedorismo do país, deixando os projetos mais preparados para atacar o mercado”.

Ainda assim, Afonso Coimbra recomenda: “O processo é longo, intenso e, em determinados momentos, extremamente exigente. Para se chegar ao fim é necessário – por um lado – ter uma paixão grande pelo problema que se está a resolver e por criar o próprio negócio, e – por outro – a humildade e abertura para se ir aprendendo em todas as interações.”

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