Um estudo lançado pelo ScaleUp Porto, analisando o ecossistema de empreendedorismo na região do Porto, concluiu que as startups da cidade representam um volume de negócios anual superior a 126 milhões de euros. Todavia, este forte impacto económico pode estar em risco, já que uma avaliação preliminar sobre o impacto da COVID-19 nestas jovens empresas, demonstrou que 3 em cada 10 correm o risco de fechar portas nos próximos três meses, se o contexto não se alterar.
O estudo “Re:think | Re:build | Re:load: Caracterização do Ecossistema de Empreendedorismo da Região do Porto” foi produzido pela Associação Porto Digital, em colaboração com a EY e analisou as startups de um dos tech hubs com o crescimento mais rápido na Europa. A região do Porto abriga mais de 350 startups e scaleups, e conta com mais de 50 incubadoras e espaços de trabalho, agregando mais de 30 comunidades tecnológicas.
Entre as principais conclusões da investigação no campo das vendas e da internacionalização, de assinalar que, entre 2015 e 2018, o volume de negócios total das startups do Porto e Região Norte atingiu uma taxa de crescimento anual próxima dos 28%. Neste incremento, destaca-se o contributo do cluster de Tecnologias de Informação e Comunicação, com 62% do valor total do volume de negócio. Por outro lado, relativamente ao valor total de EBITDA no mesmo período, este praticamente duplicou e as exportações registam um crescimento anual de 26,6%.
No que respeita à taxa de criação de emprego, o estudo concluiu que, entre 2015 e 2018, as startups contribuíram para aumentar o número de colaboradores em 35%. O que significa que foram criados 7.018 empregos líquidos a Norte, só neste segmento.
Além disso, registou-se um crescimento do número de empresas com remunerações médias mais elevadas, especialmente nos intervalos entre os 20 e os 30 mil euros anuais. Neste enquadramento, os colaboradores da área de Dispositivos Médicos & Tecnologia da Informação aplicada à Saúde auferem ordenados superiores aos restantes clusters, indica o documento.
Com um peso crescente do investimento doméstico que, em 2019, representou 24% do volume total de negócios, as startups da região do Grande Porto foram particularmente atrativas para investimentos do setor publico, entre 2015 e 2019, correspondeu a cerca de 5,6 milhões de euros e a uma média de 27% do valor total alcançado.
Impacto da pandemia no ecossistema portuense
No atual contexto, o ScaleUp Porto avançou com um estudo complementar com o objetivo de avaliar qual o impacto das alterações repentinas causadas pela pandemia nas startups.
Participaram do estudo, conduzido pela Porto Digital, com a FES Agency e Aliados Consulting, 41 CEOs, fundadores e gestores de startups da cidade, no período entre 27 de abril e 6 de maio.
Entre as principais conclusões do questionário realizado, descobriu-se que 31,7% das startups têm até três meses de capital disponível. Ou seja, 3 em cada 10 corre o risco de encerrar depois desse período.
Mais de 60% sofreu com o impacto negativo nas vendas, embora 14,6% tenha, ao invés, tido um impacto positivo neste campo. Em linhas gerais, 1 em cada 4 registou uma redução até 20% nas vendas; um terço das startups sofreu quebras superiores a 50%; e 16,7% sofreu mesmo um decréscimo de mais de 80%.
Neste momento, 63% das startups não estão a levantar capital de risco e 68,3% recorreram ou estão à procura de fontes de financiamento alternativas. Cerca de 70% reduziu custos, sobretudo na contratação de serviços externos, e 39% mostra preocupação com o seu potencial encerramento.
Este cenário mais desfavorável contrasta, ainda assim, com dados positivos que importa assinalar. No turbilhão da crise, a esmagadora maioria das empresas do ecossistema de empreendedorismo do Porto (95%) não efetuou despedimentos e 97,6% não tenciona fazê-los nos próximos três meses, sendo que mais de um terço admite até que pretende contratar.
Por agora, 44% das startups recorreu às medidas excecionais e temporárias de apoio às PMEs e microempresas e praticamente metade (49%) pretende usufruir das medidas específicas de apoio às startups, sobretudo da medida “StartupRH Covid19“.