Relatório ‘Portugal, Balanço Social’ revela que desempregados, famílias com crianças e trabalhadores precários são os grupos mais vulneráveis.
A pobreza absoluta em Portugal continua a afetar uma parte significativa da população, com a taxa de risco a variar entre 8,5% e 12,6%, dependendo do método de cálculo utilizado. Segundo a nota intercalar do relatório ‘Portugal, Balanço Social’, publicado pela Fundação “la Caixa” | BPI e pela Nova SBE, os desempregados (25%) e as famílias com crianças (12,2%) são os grupos mais vulneráveis.
A análise indica que a pobreza absoluta é mais comum em áreas urbanas (8,8%) do que nas zonas rurais (6,9%), e que Lisboa é a única região onde há mais pobreza absoluta do que relativa, devido ao elevado custo de vida.
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Pobreza absoluta versus pobreza relativa
Ao contrário da abordagem tradicional de pobreza relativa, que compara rendimentos entre indivíduos, a pobreza absoluta baseia-se nos custos mínimos necessários para cobrir despesas essenciais, incluindo alimentação, habitação e energia.
Com base no método de Orshansky, a taxa de risco de pobreza absoluta situou-se em 12,6% em 2022 (cerca de 1,3 milhões de pessoas), enquanto o método suplementar estima um valor inferior, 8,5% (900 mil pessoas).
O relatório revela ainda que 1% da população (cerca de 100 mil pessoas) vive em agregados sem rendimento suficiente para cobrir o custo de uma dieta alimentar adequada. As Regiões Autónomas dos Açores (22,1%) e da Madeira (15%) apresentam as taxas mais elevadas de pobreza absoluta.
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De acordo com o estudo, as famílias numerosas e os desempregados são os grupos sociais em maior risco. Cerca de 900 mil trabalhadores (8,9% da população ativa) encontram-se em situação de pobreza absoluta.
A pobreza absoluta extrema, que indica os agregados sem meios para pagar uma dieta essencial, afeta 1,9% das crianças (37 mil) e 3,5% dos desempregados (20 mil pessoas). 4% das famílias numerosas, o grupo com maior prevalência de pobreza extrema. No grupo de pobreza extrema (mais grave que o de pobreza absoluta) encontra-se 1,9% da população nos Açores e 1,4% na Área Metropolitana de Lisboa, como as regiões mais afetadas.
Ainda assim, a taxa de pobreza absoluta diminuiu significativamente desde 2005, altura em que era de 20%, mas o estudo destaca que os grupos mais vulneráveis continuam a enfrentar dificuldades estruturais. O relatório sublinha a necessidade de políticas públicas mais direcionadas, particularmente no apoio a famílias com crianças, desempregados e trabalhadores precários.