Estudo europeu revela que a tecnologia pode poupar tempo aos trabalhadores e aumentar a sua produtividade. O estudo, realizado pela Ricoh Europa, mostra que os trabalhadores portugueses acreditam que perdem 3,5 dias todos os meses em tarefas que poderiam ser evitadas com o recurso à tecnologia.
O Estudo incidiu sobre a perceção dos trabalhadores de diversos países europeus, na utilização da tecnologia nos seus postos de trabalho. Quase metade das 3600 pessoas entrevistadas (47%) está convencida de que a tecnologia que atualmente utiliza no emprego está abaixo das expectativas de produtividade e eficiência. Essa falta de recursos tecnológicos adequados implica, segundo os inquiridos, a perda de mais de um mês de trabalho por cada ano (42,3 dias), desperdiçado em tarefas que poderiam ser evitadas utilizando a tecnologia correta.
O inquérito revela também que os entrevistados desejam ter uma maior componente digital no seu local de trabalho e 59% acredita que uma tecnologia mais inovadora teria um impacto positivo sobre a sua carga laboral. Recorde-se que, acordo com os dados do Banco Central Europeu, o crescimento da produtividade anual tem estado a diminuir na Europa. Em 1995 esse crescimento era de 2% ao passo que em 2016 se cifrou em apenas 0.5%.
Os trabalhadores europeus têm opiniões extremamente positivas em relação à digitalização do seu local de trabalho. Uns avassaladores 98% estão “entusiasmados” com a introdução de novas tecnologias. Entretanto, 65% acreditam que a automatização terá um impacto positivo na forma como trabalham e 52% concordam que a inteligência artificial terá o mesmo efeito.
Os inquiridos veem a tecnologia aplicada ao trabalho como uma forma de simplificar o acesso a dados; a possibilidade de trabalhar em casa mais frequentemente; e a redução de tarefas repetitivas. Todavia, a gestão do email é uma das tarefas que mais tempo ocupa os trabalhadores, mais do que as reuniões de trabalho ou as deslocações de e para o emprego.
“a tecnologia permite aos trabalhadores realizarem o seu trabalho de uma forma mais inteligente e focar-se em adquirir valor real à sua empresa”
Ramon Martin, CEO da Ricoh para Portugal e Espanha, afirma que estes resultados “leva-nos a ter preocupações relativas à produtividade macroeconómica que os governos de todo o mundo já enfrentam. Uma grande parte do horário laboral é ocupada com tarefas e processos que se poderiam automatizar ou otimizar” explica, adiantando que “a tecnologia permite aos trabalhadores realizarem o seu trabalho de uma forma mais inteligente e focar-se em adquirir valor real à sua empresa”.
A urgência no investimento na tecnologia é uma grande preocupação dos trabalhadores, um em cada três inquiridos acredita que se não se realizarem investimentos, “as empresas fracassarão num prazo de 5 anos”. Para além disso, cerca de metade afirma que a sua concorrência “já tem vantagem tecnológica”.
Ramon Martin comenta também que os colaboradores têm consciência que estão a desperdiçar o seu tempo de trabalho. “A investigação que fizemos demonstra que os colaboradores de toda a Europa desejam que as empresas onde trabalham os ajudem a ser mais produtivos. Um acesso mais facilitado à tecnologia tem vantagens tanto para a organização como para os colaboradores, poupando tempo e dinheiro, mediante a implementação de uma forma de trabalho mais inteligente”.
O tempo que os colaboradores acreditam que poderiam poupar no trabalho todos os meses, graças ao uso da tecnologia para trabalhar de uma forma mais inteligente, varia por toda a Europa. Em França, os colaboradores acreditam que se poderia diminuir 1,8 dias por mês, comparativamente com 5,6 dias na Rússia (mais de uma semana laboral inteira). O número de días corresponde a cada país individual como se pode verificar:
País | Dias | País | Dias | |
Rússia | 5,6 | Polónia | 3,4 | |
Eslováquia | 4,2 | Suíça | 3,4 | |
República Checa | 3,8 | RU e Irlanda | 3,2 | |
Alemanha | 3,8 | Turquia | 3,2 | |
Hungria | 3,8 | Espanha | 3,1 | |
Noruega | 3,8 | Áustria | 2,9 | |
Suécia | 3,6 | Finlândia | 2,8 | |
Itália | 3,5 | Dinamarca | 2,1 | |
Holanda | 3,5 | Bélgica/Luxemburgo | 1,8 | |
Portugal | 3,5 | França | 1,8 | |
Média europeia | 3,5 |
O estudo revela ainda que os inquiridos mostram-se desiludidos com a motivação das equipas de direção das suas empresas. 72% acredita que a equipa de gestão só introduzirá uma nova tecnologia para “diminuir gastos e não para apostar no aumento das capacidades” produtivas.
Ramon Martin acrescenta ainda que “as pessoas responsáveis por tomar decisões empresariais deviam aportar uma visão holística a longo prazo em relação aos custos de processos básicos. Diminuir os investimentos pode libertar capital a curto prazo, mas as vantagens do aumento da produtividade prometem grandes lucros nos próximos anos”.