Teletrabalho: um conceito ainda distante para equipas da área financeira

Foto de Andrea Piacquadio em Pexels

A realidade laboral mudou, tendo sido a digitalização o seu maior impulsionador. Com o trabalho híbrido e remoto, mais de 78% das pessoas que trabalham em casa, afirmam ter um maior e melhor equilíbrio entre a sua vida profissional e pessoal. Contudo, nesta mudança de paradigma, as equipas financeiras têm sido deixadas para trás.

A mudança abrupta, no auge da pandemia, para o trabalho híbrido e remoto apanhou muitas organizações desprevenidas, expondo ainda mais as ineficiências de processos manuais e fluxos de trabalho. E, ao dia de hoje, correr “atrás do prejuízo” deixará não só as organizações vulneráveis a quaisquer perturbações futuras, como fará com que também percam terreno face às empresas suas concorrentes que já tenham abraçado a tecnologia com o objetivo de se manterem ágeis, reter e atrair talento e, em última análise, impulsionar o seu crescimento.

Quais são, então, os fatores que inibem as equipas financeiras de trabalharem a partir de qualquer local:

  1. Trabalhar com sistemas diferentes: trabalhar com ferramentas desatualizadas é uma das principais barreiras. No passado, as equipas financeiras nunca foram alvo de investimento, uma vez que nunca foram consideradas como lucrativas para o negócio. Contudo, e tendo em conta o contexto laboral atual, impulsionado pela tecnologia, a falta de investimento nestas equipas só impedirá as organizações de maximizar o seu potencial.
  2. Utilização de bolt-onsé surpreendente que, em muitas organizações, as equipas financeiras ainda tenham que digitalizar e enviar recibos de papel, por email, ou até elaborar relatórios de despesas em folhas de cálculo. Para tentar melhorar estes procedimentos, muitas têm, por exemplo, um sistema de despesas de bolt-on. Contudo, estas não são as melhores ferramentas para cada processo. O resultado? As equipas financeiras continuam incapazes de trabalhar a partir de qualquer local, sendo a falta de experiência de utilizador muito visível.
  3. Receio dos custos e da gestão associada à mudança: O receio dos custos associados à atualização tecnológica pode ser um grande entrave, assim como a crença de que é necessário investir em novos talentos para a sua implementação.
  4. Mentalidade tradicional: trabalhar com um financeiro ou um CFO desatualizado pode ser uma barreira para o financiamento de equipas que trabalham a partir de casa. No entanto, o local de trabalho pós-pandemia mudou. Agora, os colaboradores que pertencem à geração dos millennials e da geração Z dão prioridade aos empregadores que oferecem flexibilidade e bem-estar no trabalho.

A visibilidade dos dados facilita a previsão

O objetivo de se ser totalmente digital não deve ser visto como um benefício unilateral, ou seja, apenas para colaboradores – as vantagens da automação também têm um impacto muito significativo na eficiência e no crescimento do negócio. Um dos maiores ganhos da automação é a visibilidade dos resultados. A capacidade de aceder, em tempo real, às transações da empresa, em todo o mundo, não pode ser subestimada. Face a uma total visibilidade dos dados, as equipas financeiras podem começar a prever tendências e a tornar-se uma parte proativa da estratégia e crescimento do negócio, em vez de um departamento reativo.

Na foto: autor do artigo, João Carvalho, Head of SAP Concur – Southern Europe and Africa.

Os benefícios de ser totalmente digital

  1. Precisão dos dados: os dados são um dos ativos mais importantes de uma empresa e nenhum humano é infalível. Com a tecnologia, os gestores financeiros podem melhorar significativamente a precisão de dados.
  2. Agilidade: o medo da mudança pode estar associado ao tempo de implementação de novas tecnologias. Mas com soluções SaaS, por exemplo, a implementação não tem de ser um processo complexo e longo, muito pelo contrário, poderá ter um sistema desenvolvido e a funcionar numa questão de semanas.
  3. Desvendar custos ocultos: ter o sistema digital certo pode ajudar as organizações a descobrir custos ocultos ou verbas não recuperadas. Por exemplo, o custo oculto de se fazerem tarefas de forma manual (quando esse tempo poderia ser dedicado para análise e proatividade) é ainda negligenciado.
  4. Experiência dos colaboradores: novos colaboradores, numa empresa, esperam ferramentas de trabalho simples e fáceis de utilizar. No fundo, querem ter uma boa experiência que facilite a sua produtividade que, por sua vez, dará, aos financeiros, os dados necessários para a tomada de decisões.

Anular os processos baseados em papel e a obrigatoriedade da presença física de colaboradores, nas empresas, compensará não só ao nível da flexibilidade espacial das equipas financeiras como também o resultado final da empresa. É essencial o trabalho flexível das equipas financeiras, os processos modernos e soluções integradas. Mas é importante não esquecer que, para tal, é necessário estimular (também) uma cultura corporativa baseada na confiança.

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