Tendências do Mundo do Trabalho: Capital Humano entra na “Era da Adaptabilidade”

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Estudo do ManpowerGroup revela as tendências que definirão o futuro do mundo do trabalho, marcando o início de uma nova era que denomina a “Era da Adaptabilidade” (“Age of Adaptability”). Este estudo destaca a importância crescente da adaptação face a um ambiente de rápida evolução, onde fatores como os desequilíbrios geracionais, a transição verde e a integração da Inteligência Artificial estão a redefinir as bases do mundo profissional.

Num estudo anterior, há mais de uma década, o ManpowerGroup já tinha previsto a “Human Age”, quando identificou que o capital humano se tornaria um grande diferenciador e motor do crescimento económico, com a tecnologia a permitir aumentar as capacidades humanas em vez de as substituir, que caracteriza o mundo atual. Agora, “The Age of Adaptability” reforça essa análise à luz da crescente transformação digital e do impacto de novos desafios relacionados com as alterações demográficas, a transição verde e a crescente consumerização do trabalho.

“Estamos a entrar numa era em que a adaptação é fundamental. As forças combinadas da Inteligência Artificial, da automação e da economia verde estão a transformar os empregos e as necessidades de competências a uma velocidade sem precedentes, exigindo uma força de trabalho adaptável e qualificada. A transformação do mundo do trabalho precisa de criatividade e flexibilidade, mas também de um investimento significativo na capacitação das pessoas para enfrentar as oportunidades e desafios desta nova era”, destaca Rui Teixeira, Diretor Geral do ManpowerGroup Portugal.

Rui Teixeira enfatiza ainda que “As empresas têm de tomar a dianteira, fornecendo percursos claros para a aquisição de competências futuras, recursos de upskilling acessíveis e orientação profissional para garantir a transição bem-sucedida da sua força de trabalho.”

O estudo salienta que está a surgir um “Novo Pacto Empregador-Trabalhador”, à medida que as funções tradicionais são repensadas e reinventadas face a transformações e oportunidades sem precedentes. “A criatividade, a colaboração e a flexibilidade são essenciais para um futuro do trabalho próspero, num contexto em que a sustentabilidade, a digitalização e a automatização estão a redefinir a forma como trabalhamos”.

No relatório são identificadas 14 tendências que refletem essa transição para um novo equilíbrio entre trabalhadores e empregadores, abordando desde a redução do fosso geracional até a importância da diversidade, equidade e inclusão. Essas tendências refletem a necessidade das empresas apostarem numa abordagem centrada nas pessoas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do mundo do trabalho em constante evolução.

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14 Tendências Estruturais Sobre as Perspetivas dos Trabalhadores e dos Empregadores

O estudo do ManpowerGroup identifica quatro forças – Alterações Demográficas, Adoção Tecnológica, Aceleradores da Competitividade e Escolha Individual – e 14 tendências que refletem a transição para um novo equilíbrio entre trabalhadores e empregadores.

1ª tendência: Reduzir fosso entre gerações através do reskilling e upskilling estratégicos

As organizações enfrentam o desafio de gerir o aumento da geração Z na sua força de trabalho. Esta geração representará 58% do total de trabalhadores até 2030, enquanto a população trabalhadora mais experiente está de saída.

A requalificação e a mentoria direcionadas e os programas de formação multidisciplinar contribuem para ajudar os trabalhadores da geração Z e os mais experientes a partilhar o conhecimento tradicional, reduzindo os desequilíbrios de talento entre gerações e ajudando a fidelizar os trabalhadores maduros.

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2ª tendência: A força de trabalho do presente – e do futuro – será impulsionada pelas mulheres

Milhões de mulheres abandonaram o mercado de trabalho durante a pandemia, num movimento que, muitos temeram, levaria décadas a corrigir. No entanto, a recuperação está a ser notavelmente rápida, com as taxas de emprego feminino a voltar aos níveis pré-pandemia em apenas três anos.

Atualmente, as mulheres representam ligeiramente mais de 50% da força de trabalho global. Contudo, é crucial garantir a representação adequada das mulheres nas bases de talento, especialmente em setores em crescimento, onde ainda ocupam menos de um terço dos cargos de gestão e liderança e áreas relacionadas com a tecnologia.

3ª tendência: DEIB, um catalisador de inovação e criatividade

A promoção da diversidade, equidade, inclusão e pertença (DEIB) tornou-se uma estratégia fundamental de negócio, gerando benefícios como o aumento da inovação e uma maior capacidade de atrair e reter talento.

No entanto, ainda há um importante caminho a percorrer por parte das empresas e uma disparidade na perceção por parte dos colaboradores, já que enquanto 68% dos líderes afirmam proporcionar um ambiente inclusivo, apenas 36% dos colaboradores concordam com essa afirmação.

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4ª tendência: Subaproveitado e subvalorizado: o talento imigrante é fundamental

A escassez de talento atual impulsiona os empregadores a adotar abordagens inovadoras de atração de profissionais, recorrendo a bases de talento globais. A integração bem-sucedida de equipas multiculturais cria vantagens sustentáveis, aliviando a atual escassez de talento e gerando benefícios adicionais a longo prazo.

As organizações mais inovadoras estão a liderar na atração de competências a nível mundial, implementando as melhores práticas de inclusão que atraem candidatos internacionais. As suas forças de trabalho integradas representam melhor a diversidade de valores e perspetivas dos clientes, impulsionando uma maior inovação.

5ª tendência: Pôr as pessoas no coração da IA

A ascensão da IA está a transformar o mundo do trabalho, com as empresas a antecipar uma perturbação de 23% nos empregos nos próximos cinco anos, entre a criação de novas funções e a eliminação de outras.

Não obstante, para aproveitar o potencial desta tecnologia para impulsionar o crescimento e os ganhos de produtividade, as empresas deverão dar a prioridade às pessoas, adotando abordagens inovadoras que incorporem as necessidades, competências e o bem-estar dos trabalhadores, à medida que a tecnologia se torna incontornável no seu trabalho.

Nesse sentido, a atuação das empresas, e o próprio enquadramento político e legal, deve evoluir para apoiar a ideia de que os profissionais têm o potencial e a responsabilidade de orientar a trajetória da transformação ao nível da IA.

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6ª tendência: A IA vai criar mais empregos do que os que destruirá

A combinação da inovação tecnológica com o engenho humano irá gerar um maior crescimento económico e ajudar a superar os desafios da sociedade. Ao mesmo tempo, os avanços tecnológicos abrem oportunidades para um trabalho mais significativo, se as pessoas tiverem as competências necessárias.

À medida que as empresas se adaptam à IA, o futuro do trabalho será impulsionado pelos humanos, que deverão requalificar-se para colaborar efetivamente com as tecnologias modernas. As pessoas devem mudar as suas perspetivas e encarar a IA como uma oportunidade para expandirem os seus conhecimentos técnicos e competências profissionais.

7ª tendência: O paradoxo da produtividade: explorar o potencial humano e a tecnologia avançada

Para desbloquear a produtividade latente, as empresas devem procurar a combinação ideal entre pessoas e tecnologia, melhorando a cultura organizacional e desenvolvendo as lideranças. Nesta corrida por maiores índices de produtividade, o trabalho remoto ofereceu um primeiro patamar de evolução no desempenho.

Atualmente, a ascensão da IA é vista como o novo impulsionador. Apesar deste otimismo, o seu impacto dependerá de como as empresas e a sociedade vão gerir a adoção destas novas tecnologias. Efetivamente, 20% dos empregadores, globalmente, consideram a Adoção Tecnológica como um dos mais importantes aceleradores de produtividade.

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8ª tendência: Uma transição verde promovida pelas pessoas

A transformação verde das empresas será o 1.º criador de emprego, a nível mundial, nos próximos cinco anos, segundo dados do Fórum Económico Mundial, pelo que investir nas competências necessárias para assumir funções ligadas à sustentabilidade e implementar estratégias de net zero torna-se, cada vez, mais um imperativo ambiental, económico e social.

Por outro lado, a sustentabilidade assume uma importância crescente na construção da imagem das empresas. Atualmente, os candidatos consideram atentamente o desempenho ambiental das empresas, antes de aceitarem uma oferta de emprego, com 62% a investigar a reputação ambiental e 60% a valorizar ações visíveis contra problemas ambientais.

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9ª tendência: O desafio dos managers: gerir a transformação contínua

Os managers tiveram um papel fundamental, na gestão do período pandémico, aprendendo a liderar remotamente, a motivar equipas e promover o bem-estar e saúde mental. Agora, enfrentam um novo desafio, com a necessidade de guiar as equipas num contexto de transformação acelerada, impulsionada pela IA, a automatização e a procura de uma maior sustentabilidade.

Com as competências digitais e de sustentabilidade a surgirem como novos requisitos, as suas funções incluem motivar as equipas, tranquilizar preocupações sobre o emprego e impulsionar as iniciativas de requalificação que permitirão que trabalhadores de todos os níveis de competências consigam participar no futuro do trabalho.

10ª tendência: Onshore vs. Nearshore vs. Offshore

O risco e a incerteza vão continuar a impactar as empresas no próximo ano, impulsionados pelos cenários de conflito, pelo receio de uma recessão e pelas perturbações nas cadeias de abastecimento.

As empresas estão a preparar-se para futuras perturbações, diversificando redes de fornecedores e bases de talento. Nesse sentido, 53% dos fabricantes afirmam ter near- ou re-shored as suas operações nos últimos 24 meses, em resposta à crescente incerteza geopolítica e ao aumento dos salários em alguns países em desenvolvimento.

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11ª tendência: Encontrar o equilíbrio salarial certo

A incerteza económica leva 23% dos trabalhadores a não procurarem alcançar o emprego desejado. Apesar disso, 31% desejam uma melhor compreensão dos seus desafios financeiros por parte da sua liderança.

Esta estagnação nos movimentos de mudança de emprego destaca a necessidade de os empregadores equilibrarem salários atrativos e crescimento rentável. Além de aumentos salariais, as empresas devem encontrar outras formas de se manter competitivas e fidelizar o talento qualificado de que precisam, nomeadamente através da oferta de mais autonomia, flexibilidade e alinhamento de valores e propósito.

12ª tendência: A “Me Economy”

Está a surgir uma nova relação entre trabalhador e empregador, em que as pessoas esperam “consumir” o trabalho tal como consomem outros aspetos das suas vidas – de acordo com os seus próprios horários e de uma forma adaptada às suas necessidades individuais.

Na atual “Economia do Eu” (“Me Economy”), os trabalhadores valorizam flexibilidade, autonomia e equilíbrio entre vida profissional e laboral. De entre os benefícios profissionais mais valorizados, destacam a semana de trabalho de quatro dias (64%), horários flexíveis (45%) e a opção de trabalho remoto (35%). Estas preferências vêm assim acentuar o crescente desencontro com a trajetória de muitas empresas, que pretendem retorno ao trabalho presencial. Esta é uma matéria que ainda está em construção e onde não há uma resposta consensual.

De acordo com um estudo da Gallup, 80% dos diretores de Recursos Humanos de empresas da Fortune 500 não pretendem reduzir a flexibilidade do trabalho remoto nos próximos 12 meses. Na procura de uma solução, está claro que a flexibilidade tem de funcionar tanto para trabalhadores como para empregadores e caracteriza-se por uma diversidade de modelos, em função das indústrias ou profissões.

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13ª tendência: A geração Z está a definir o futuro da cultura de trabalho

O futuro do trabalho está a passar por transformações significativas, impulsionadas pelas mudanças nas expectativas dos trabalhadores, nos modelos de trabalho e nos perfis demográficos, com a geração Z a liderar esta “revolução cultural“.

A saúde mental assume um papel central, destacando a necessidade das organizações contarem com líderes e gestores atentos a esta questão. As organizações que se adaptarem a estas mudanças culturais, promovendo ambientes flexíveis e psicologicamente seguros, terão vantagens na atração e retenção de talento, especialmente considerando que apenas 15% da geração Z avalia a sua saúde mental como excelente.

14ª tendência: Foco nas pessoas e criar uma experiência em torno das necessidades individuais

A era da personalização, já presente no mercado de consumo, está agora a moldar o ambiente de trabalho. Os colaboradores procuram uma experiência mais personalizada e as empresas inovadoras respondem com programas de onboarding personalizados, módulos de formação à medida e algoritmos de seleção de benefícios.

A experiência do colaborador está a evoluir para um modelo “on-demand”, onde a IA e machine learning conseguem identificar conjuntos de competências e interesses específicos a cada colaborador, para propor planos individualizados de progressão na carreira, ao mesmo tempo que respondem a objetivos de negócio.

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