A oitava edição do estudo “The Future Shopper Report”, realizado pela WPP e VML, revela novas tendências no comportamento de consumo, apontando para uma maior abertura dos consumidores à compra em lojas físicas e o impacto crescente de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA). O estudo, baseado em respostas de 31.500 consumidores de todo o mundo, destaca que os marketplaces continuam a liderar as preferências, mas perdem alguma influência nas várias fases da jornada de compra.
Entre as principais conclusões, o relatório observa uma diminuição nas despesas globais em canais digitais, que caíram de 58% para 53% de 2023 para 2024, e uma preferência clara por experiências omnicanal. Apesar da importância dos canais digitais, 53% dos consumidores preferem marcas com presença física e digital, uma oportunidade para as marcas abraçarem uma experiência omnicanal robusta.
Nas compras online, o smartphone representa um terço dos gastos digitais. Contudo, 40% dos utilizadores consideram frustrante a experiência de compra nestes dispositivos, apelando a melhorias no comércio móvel. Enquanto isso, redes sociais ganham relevância como canais de compra, com 62% dos inquiridos a preverem realizar compras nestas plataformas no futuro.
Para Gonçalo dos Santos Rodrigues, Diretor de Consultoria da VML, “a adaptação das marcas ao digital é agora um imperativo de transformação, respondendo a uma procura que excede as expectativas do retalho físico.”
Principais Conclusões de “The Future Shopper Report”
1. Ressurgimento do Retalho Físico e Importância do Omnicanal
Enquanto os canais digitais mantêm a sua dominância, representando 53% das vendas em 2024, o estudo revela uma crescente preferência dos consumidores por marcas que combinem uma presença física e digital. Para mais de metade dos consumidores, a experiência de compra ideal é uma que integra ambos os ambientes. Apesar do declínio nas despesas em canais digitais, que caíram 5 pontos percentuais em relação a 2023, a previsão é que estes canais alcancem 60% de representatividade nos próximos cinco anos, destacando a importância das experiências omnicanal para o crescimento futuro.
2. Desafios do Comércio Mobile
Embora o smartphone se destaque como o dispositivo de eleição para compras online, representando mais de um terço dos gastos digitais, a experiência de compra no mobile continua a ser um ponto de frustração para 40% dos consumidores. O estudo aponta que os utilizadores esperam melhorias na usabilidade e experiência do comércio móvel, refletindo a importância de uma adaptação cuidadosa das plataformas a este canal preferencial.
3. O Papel Dominante, mas em Declínio, dos Marketplaces
Marketplaces como Amazon e outros grandes portais de comércio mantêm a liderança na jornada de compra, sendo a primeira escolha dos consumidores para encontrar inspiração, fazer pesquisas e concretizar compras. No entanto, a sua influência está a diminuir ligeiramente, com a representatividade nas compras a descer de 35% para 29% comparativamente ao ano anterior. Esta diminuição indica que os consumidores estão a procurar alternativas e experiências mais diversificadas para as suas aquisições.
4. Preço e Conveniência: Fatores Decisivos nas Compras Online
Para os consumidores, o preço continua a ser o fator determinante na escolha de onde comprar online. Adicionalmente, aspetos como descrições detalhadas dos produtos, facilidade na pesquisa e a possibilidade de devoluções influenciam as decisões de compra. Com uma crescente exigência de conveniência e rapidez, os consumidores esperam agora que as suas encomendas sejam entregues em 1,85 dias, uma redução significativa face aos 2,36 dias esperados em 2022. Esta tendência sublinha a importância de melhorar a logística e tempos de entrega para se manterem competitivos.
5. Social Commerce em Ascensão
O social commerce, ou seja, as compras realizadas diretamente através de plataformas de redes sociais, continua a ganhar tração, especialmente entre as audiências mais jovens e digitais. Cerca de 62% dos inquiridos indicaram que planeiam fazer compras através de redes sociais no futuro, o que representa um potencial significativo para marcas que desejem explorar novos canais e estratégias de interação. Os eventos de venda ao vivo em redes sociais começam também a atrair consumidores, tornando-se um canal de conversão de vendas.
A Transformação do Comércio e o Papel da IA
O estudo destaca também o impacto da Inteligência Artificial no setor, especialmente na personalização das ofertas e otimização de recomendações em tempo real, redefinindo o que as empresas podem oferecer e como o fazem. Esta tendência aponta para um futuro onde as empresas serão capazes de personalizar ainda mais as experiências de compra, adaptando-se às necessidades de cada cliente com precisão. A IA está a reestruturar não só as ofertas, mas também as audiências que as empresas conseguem alcançar, com efeitos profundos no marketing digital.
À medida que o retalho se torna cada vez mais híbrido, a necessidade de uma adaptação flexível torna-se essencial para captar e reter os consumidores, sendo o social commerce e a IA apenas algumas das áreas em expansão. O “The Future Shopper Report” coloca em evidência as mudanças rápidas e a necessidade de inovação, salientando que as empresas que desejem prosperar neste novo cenário devem abraçar a transformação digital e omnicanal com uma visão estratégica a longo prazo.