Tiago Forjaz acredita que a tecnologia terá um papel fundamental no futuro do recrutamento. Foi essa convicção que o levou a fundar a The Epic Talent Society, uma nova consultora estratégica portuguesa que quer não só transformar a mentalidade de recrutamento e gestão de talento das empresas, mas também atuar no desenho da carreira das pessoas.
Com mais de 20 anos de experiência na área de RH, Tiago Forjaz lança a The Epic Talent Society como uma extensão do seu forte carácter de empreendedor e da sua expertise em consultoria empresarial. Após ter fundado a Star Tracker, uma rede social que conectava portugueses com perfis extraordinários à escala global, Tiago decidiu voltar a empreender e criar um projeto focado no talento e no futuro do trabalho.
Em entrevista ao Empreendedor, Tiago explica que o papel da Tecnologia será fundamental no futuro do recrutamento e seleção de talentos. Não só os processos de pesquisa serão mais simples, mas também será possível recolher informações valiosas sobre os perfis das pessoas e compreender os fatores determinantes para um bom recrutamento.
“Agora os tempos são outros e acredito que o machine learning e a IA trazem um potencial enorme de ajudar as pessoas a conhecerem os seus potenciais trilhos de aprendizagem (e de carreira) como se tivessem um ‘Waze profissional’.”
Tiago Forjaz destaca que o atual mercado de trabalho é ‘líquido’, com as pessoas em constantemente fluxo, daí que a tecnologia um fator decisivo no recrutamento, mas também na libertação de talento.
“A The Epic Talent Society nasce com a tecnologia na sua génese porque antes dela fundei e liderei a MighT, que trabalhava no domínio do people analytics e construímos muita aprendizagem sobre o impacto que os dados e os algoritmos podem trazer à gestão do talento num paradigma de mobilidade interna e fluxo permanente de talento”, conta.
Contribuindo para o Desenvolvimento do Talento Contratado
Além de oferecer oportunidades de crescimento dentro da empresa, Tiago tem um diferencial no seu modelo de negócio. As pessoas que trabalham na empresa são empreendedoras e têm a oportunidade de construir a empresa junto com os demais colaboradores.
“As pessoas que trabalham na The Epic Talent Society são empreendedoras, constroem a empresa, hoje e no futuro. Por isso, para além da promessa da autoria e do acesso ao capital (como qualquer outra empresa de partnership), nós prometemos-lhes a possibilidade de construírem coisas épicas para a sociedade.”
Em relação à empresa, Tiago Forjaz enfatiza que a The Epic Talent Society não está presa a valores, mas prefere orientar-se por “princípios fundacionais”, procurando pessoas que compartilham esses princípios, mas que os vivenciam de forma única.
“Nós temos cinco princípios fundacionais: Paridade; Generosidade; Alofilia, que é a capacidade de amar a diferença e não apenas tolerá-la, e a Longevidade, porque estamos a construir um legado, não apenas uma empresa para o presente”, destaca.
“A nossa proposta de valor diz: ‘Serás recordado pelo legado, reconhecido pela disrupção e motivado pelo impacto. Aprenderás inovando e alcançarás a tua liberdade empreendendo.’ Tudo o resto é igual às outras empresas.”
Trabalho de Equipa na base da Estratégia
Para manter a sua empresa competitiva, num mercado em constante evolução, Tiago Forjaz adota uma estratégia baseada na aprendizagem contínua e no empreendedorismo.
“Acredito que a melhor estratégia é estar sempre a aprender e empreender, com frameworks que tornem a inovação permanente e com parceiros que nos levem a conhecer novos domínios e ferramentas ou tecnologias. Nós trabalhamos em rede e queremos estar em geografias muito distintas para poder aproveitar os efeitos de rede que se produzem nessa diversidade, acredito que isso ajudará a manter a The Epic Talent Society competitiva”, salienta.
Apesar da simplicidade da estratégia, a The Epic Talent Society não está isenta de desafios. Para Tiago Forjaz, os maiores estão relacionados com a capacidade de equilibrar o seu tempo entre a equipa, o desenvolvimento do negócio e a entrega de resultados aos clientes.
“Os maiores desafios de liderar a empresa passam-se todos dentro de mim. O desafio de aprender a oferecer o meu tempo à equipa, a equilibrar os tempos e a energia entre o “firm building”, a “business developing” e o “delivery” a clientes é sempre um desafio extraordinário”.
“Antes trabalhava de forma muito mais independente, sem equipa, num modo de vida mais epicurista (em que o tempo era o meu privilégio) e construía equipas por projeto. Neste capítulo da minha vida profissional o compromisso de tempo é muito exigente e obriga-me a aprender a trabalhar de forma diferente (com as pessoas) semana a semana. Obriga-me a pensar qual o meu papel ideal a todo o momento e a pensar o que serve melhor a organização e a minha felicidade”, recorda.
“Hoje vejo-me naturalmente como idealizador, fundador e diretor criativo da The Epic Talent Society. Lidero a visão, mas felizmente não sou o gestor da empresa. Gosto de dizer (porque sempre quis ser realizador de cinema) que sou uma espécie do Tom Ford para a Gucci, no sentido em que defino as tendências e as coleções ou inovações, mas não sou eu o gestor da casa da The Epic Talent Society. Essa é a missão do nosso sócio João Vaz. A The Epic Talent Society será tão maior do que eu, precisamente porque havemos de trabalhar em rede, a empreender, com o talento de tantos, que me parece evidente que estarei só de passagem, sempre”, frisa Tiago Forjaz.
Tiago Forjaz tem um percurso empreendedor até chegar à The Epic Talent Society. Ele fundou a Jason Associates, co-concebeu a primeira rede social do talento global português, The Star Tracker, promoveu a Fundação Talento e co-criou a MighT. Agora, ele vê a The Epic Talent Society como a sua “última obra de arte no mundo das empresas”, antes de se dedicar completamente “ao mundo da arte pura”.
“Acho que ao longo dos anos fui aprendendo (sobretudo com a ajuda dos meus erros) e refletindo sobre quem sou e o que faço melhor. Fui amadurecendo e percebendo que a arte sempre fez parte de mim (até de forma inconsciente). Esta é a minha última obra de arte no mundo das empresas, acredito. Depois disso ambiciono viver no mundo da arte pura.”
“Mais importante do que a inovação é o compromisso das pessoas”
“Pode parecer ridículo, mas aprendi que nada que valha a pena fazer, se faz sozinho. Que mais importante do que a inovação é o compromisso das pessoas. Aprendi e aceitei que tudo nasce da sinergia do amor, é aí que acontece o fenômeno do “um mais um igual a três”, deixei de aceitar o enunciado da competitividade e fiz as pazes com o meu ego, que tantas vezes me resgatou nos momentos em que os outros viam sucesso”, defende Tiago Forjaz.
“Hoje sinto-me comprometido com um projeto onde só entrego o melhor de mim. Tudo o que fiz na vida foi pelos outros, pelo meu pai, pelos meus filhos, agora sinto que o farei pela minha equipa e por mim, por me poder expressar e libertar o meu talento, porque só assim acredito que eles farão o mesmo.”