O trabalho em funções remotas tem sido encarado por muitas empresas em Portugal como um bicho estranho que em nada beneficiava os modelos de negócio existentes.
A maior parte dos planos de negócios das empresas portuguesas, ainda assenta nos pressupostos de início de atividade, encontrando-se por isso totalmente desajustados às necessidades atuais do mercado de trabalho.
A cultura empresarial favorece muito o contato one-to-one, embora já existam empresas que começam a olhar para o trabalho remoto como a alternativa mais económica e viável para o desenvolvimento e consolidação dos negócios e fechamento de novas parcerias.
O surto do Covid-19 veio aprofundar a estreita relação entre saúde e economia, trazendo para o mercado a possibilidade das funções remotas terem de ser amplamente trabalhadas e exercidas, ainda que contra aquilo que muitos setores de atividade desejariam.
Foi preciso um vírus ter mostrado às empresas a necessidade de se adaptarem aos novos tempos e mesmo quando esta questão de saúde publica estiver resolvida, dificilmente os colaboradores que se encontram a exercer tarefas em modo remoto vão querer abandonar esta nova ferramenta colocada ao seu alcance.
Aliás, num mundo altamente tecnológico e onde até se ensina via online, seria de estranhar que as organizações não se começassem já a preparar para um filtro do mercado de trabalho que vai chegar mais cedo que o esperado.
Daqui por uns tempos, vamos assistir a confissões aliviadas pelo facto de muitos CEO e quadros intermédios das organizações, terem visto os verdadeiros benefícios do trabalho remoto com um claro impacto nos resultados líquidos.
E da mesma forma que o Papa definiu a celebração da tradicional oração dominical, Angelus, por Skype, mostrando que o Vaticano não passa ao lado desta nova realidade, não será de estranhar que brevemente vejamos muitos empresários a começar uma frase com a expressão: “Remotamente me confesso”. E até nisto há benefícios pois os pecados do digital não contam para a estatística dos pecados bíblicos…