A empresa tecnológica UpHill e a Direção-Geral da Saúde (DGS) disponibilizam uma plataforma interativa para identificar os sinais de alarme da Condição pós-COVID-19 e saber como agir caso estes sinais se verifiquem.
A iniciativa surge na sequência da divulgação da norma da DGS, que estabelece as boas práticas clínicas para a abordagem destes doentes pelos profissionais de saúde, com base na melhor evidência científica disponível.
Lançada em janeiro, com informação relativa aos sintomas, estratificação do risco de contactos, testagem, isolamento e vacinação, a plataforma “COVID-19: e agora?” já registou perto de 500 mil acessos. Acompanhando a evolução da gestão da pandemia, a ferramenta interativa foi agora atualizada e incorpora também a secção “COVID-19: e depois?” com informação relativa à gestão dos sintomas a longo prazo.
Na prática, os utilizadores encontram recomendações sobre os autocuidados após a infeção, os sintomas aos quais devem estar atentos, o que fazer caso algum destes sinais de alarme se verifique, como retomar a atividade física, e exercícios úteis para controlo da respiração úteis neste contexto.
“À semelhança do que fizemos em janeiro, numa altura em que a pressão sobre o sistema de saúde era extremamente elevada, face à disseminação da variante Ómicron, queremos, com esta plataforma, facilitar o acesso da população a informação cientificamente rigorosa, atualizada e descomplicada para que cada uma saiba exatamente o que deve fazer. Isto porque acreditamos que a tecnologia tem um papel fundamental no sentido de esclarecer e autonomizar o cidadão, dotando-o de competências e conhecimentos fundamentais para aceder, compreender, avaliar e utilizar informação sobre saúde”, afirma David Rodrigues, médico e VP of Medical Content da UpHill.
Neste caso, a informação diz respeito a uma realidade descrita no New England Journal of Medicine como “o próximo desastre de saúde pública”.
Os estudos científicos que acompanham a evolução dos doentes infetados com COVID-19 ao longo de vários meses sugerem que existem sintomas que persistem a longo prazo e casos em que se agravam após a fase da doença aguda, sinalizando o cansaço, falta de ar, alterações do olfato e do paladar, depressão, ansiedade e disfunção cognitiva como os mais frequentes.
Esta condição, vulgarmente conhecida como pós-COVID-19, é reconhecida na literatura científica como um fenómeno em crescimento, conforme explica Válter Fonseca, diretor do Departamento da Qualidade em Saúde da DGS: “A prevalência de pessoas infetadas por SARS-CoV-2 que apresenta sintomas que persistem além da fase aguda é complexa de estimar. De acordo com os dados internacionalmente disponíveis cerca de 46-69% das pessoas continua a apresentar algum sintoma 4 a 6 semanas após a fase aguda da doença e 13-65% após 12 semanas. Por isso, a Direção-Geral da Saúde, através do Departamento da Qualidade na Saúde, definiu orientações clínicas globais para esta nova condição, cuja fisiopatologia ainda está a ser investigada” explicou este responsável da DGS.
A plataforma, disponível em covid19.uphill.pt e cujo acesso pode ser feito via computador ou telemóvel, de forma gratuita e sem restrições, foi desenvolvida a pensar no cidadão comum, com linguagem acessível e recomendações práticas dirigidas a situações específicas.