Valores corporativos fortes e regime laboral híbrido marcam futuro do Trabalho

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86% dos estudantes portugueses dão preferência ao modelo de trabalho híbrido, quando entrarem no mercado de trabalho. Segundo um estudo realizado pela Nova SBE, os valores corporativos das empresas são decisivos na escolha do empregador ou mesmo na decisão de trabalhar em Portugal.

O estudo Re-imagining Work, realizado em parceria pelo BNP Paribas e a Nova School of Business & Economics (Nova SBE), inquiriu estudantes universitários e profissionais empregados e teve como principal objetivo conhecer as expectativas dos jovens (portugueses e estrangeiros) quando entram no mercado de trabalho e a forma como atuais colaboradores de diversas indústrias e nacionalidades têm vivenciado os modelos híbridos pós-pandemia.

Da pesquisa sobressai a preferência pelo modelo de trabalho híbrido, com 86,4% dos estudantes a referir que, quando escolherem o primeiro emprego, vão preferir esta modalidade. Já 60% dos colaboradores inquiridos, que atualmente trabalham em empresas portuguesas e internacionais revelaram também preferência por um modelo de trabalho híbrido. Se tivermos em conta o ambiente de trabalho indicado, os estudantes optam por um modelo de escritório partilhado, com 3 a 5 pessoas (45%), ou por um modelo open space, visto como o futuro do trabalho híbrido (39%).

Há notoriamente um desagrado pela sensação de ‘vir para o escritório fazer o que se poderia fazer em casa’

Segundo a Professora Filipa Castanheira, que supervisionou o estudo, “este projeto revela de forma muito consistente e através de diferentes fontes de informação que as espectativas face aos contextos de trabalho estão em clara transformação. Já vínhamos a observar, antes da pandemia, um desejo de um formato de trabalho mais flexível e promotor de maior equilíbrio vida-trabalho, mas agora no regresso após os sucessivos confinamentos e no seguimento da aceleração da transformação digital, os trabalhadores demonstraram que é possível fazer com qualidade e concentração determinadas tarefas a partir de casa.”

Para este estudo foi constituída uma amostra de 177 estudantes portugueses e estrangeiros (27 nacionalidades), uma segunda amostra de 167 pessoas já inseridas no mercado de trabalho em Portugal ou no experior (25 nacionalidades), e uma terceira amostra de funcionários atuais do BNP Paribas em Portugal, relativamente ao futuro do trabalho. Os dados foram recolhidos através de questionários, entrevistas e focus groups realizados nos meses de março e abril deste ano tendo a pesquisa sido efetuada por estudantes do Mestrado em Gestão Internacional CEMS, da Nova SBE.

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Valores Corporativos são uma preocupação para os jovens

Uma das mais relevantes conclusões do estudo é que os jovens estudantes são fortemente influenciados pelos valores corporativos das empresas aquando da decisão de se candidatarem a um emprego. A maioria revela, no entanto, pouco conhecimento de empresas portuguesas que divulguem esses valores ou que os defendem de forma clara, o que poderá dificultar a atração de potenciais colaboradores internacionais.

Verificou-se que, de entre os estudantes internacionais que participaram no estudo, apenas 1 em cada 3 está a considerar trabalhar em Portugal depois de terminar a sua licenciatura. No entanto, quando confrontados com um cenário que inclui a possibilidade de trabalhar em Portugal numa empresa cujos valores corporativos são semelhantes aos do BNP Paribas (ainda que o nome da empresa não tivesse sido referido), essa percentagem sobe para 2 em cada 3. Neste cenário, os estudantes portugueses e estrangeiros revelaram intenções semelhantes de trabalhar em Portugal após a conclusão dos seus estudos.

As conclusões permitem igualmente verificar que as redes sociais das empresas são uma grande oportunidade para contribuir para o reconhecimento das organizações e dos seus valores. Porém, da análise ao website e redes sociais de 37 empresas portuguesas ou internacionais presentes em Portugal, não existem muitas organizações a comunicar de forma ativa as suas políticas de trabalho flexível. Entre a minoria que o faz, apenas o mencionam no seu portal de emprego para informar potenciais candidatos que têm um modelo híbrido em funcionamento, sem que o mesmo seja explicado em detalhe.

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“Há uma procura explícita por organizações que proporcionem relações de trabalho que permitam beneficiar desta flexibilidade e uma preferência por equipas com desenhos de trabalho presenciais mais ‘colaborativos’. Há notoriamente um desagrado pela sensação de ‘vir para o escritório fazer o que se poderia fazer em casa’”, sublinha Filipa Castanheira.

O grande desafio das organizações no ‘futuro do trabalho’ passa pela formação das lideranças e a organização do trabalho e dos espaços físicos de trabalho “proporcionando locais para descontrair e socializar, para debate e resolução de problemas, para reuniões de equipas, apostando na diferenciação do que é trabalho individual e que pode ser feito remotamente do que é trabalho colaborativo que pode beneficiar da presença física das equipas”, conclui.

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