Na maior e mais grave crise das nossas vidas, o mercado de trabalho sofreu profundas alterações, que ditaram novos paradigmas e fizeram com que muitos profissionais se reconvertessem profissionalmente, como forma de melhorar as suas competências e, em alguns casos, adquirir as mesmas.
Verificamos também que, com o aumento do desemprego, muitos profissionais se viram na iminência de executar trabalhos considerados menores e mal pagos para fazer face às suas responsabilidades, mas outros houve que, mesmo possuindo as competências e perfil adequado, não foram contratados.
Aqui podemos extrapolar as diferentes razões pelas quais isso acontece, mas é por demais sabido que em tempos de escassez de empregos aplica-se a lógica invertida do ‘gold buzzer’, numa clara alusão ao programa de talentos Got Talent.
No Got Talent, um concorrente que sobressaia, com uma prestação acima da média, pode passar diretamente para as meias-finais quando um elemento do júri pressiona uma campainha dourada, assinalando um desempenho de alto nível de sensibilidade e competência, bem como a mensagem forte e pragmática que passou.
Podíamos aplicar esta mesma fórmula no mercado de trabalho, mas o que se passa é que esse atalho no percurso profissional é muitas vezes visto como a cunha que é dada mesmo a quem não possui o perfil mais enquadrado para a função em causa.
Muitas vezes, esse prémio laboral distingue quem dispõe de uma rede contactos influentes, que lhes permite passar à frente de candidatos melhor posicionados, para conseguir a vaga em aberto.
Gostava mesmo que nesta crise social, que é também uma crise de valores morais, os recrutadores utilizassem o poder que possuem de acionar a ‘campainha dourada’, como forma de democratizar o acesso de todos às mesmas oportunidades de emprego. Se assim não for, e ao contrário do que se passa no programa de televisão, as empresas correm o risco de desaparecer por falta de candidatos.
