O Shopping Index que analisa os dados de evolução do e-commerce em vários mercados mundiais, revela uma quebra acentuada nas vendas online no primeiro trimestre de 2022. Espanha foi o único mercado do relatório a apresentar tendência positiva, apontando para um crescimento de 6% do e-commerce no mercado ibérico, e um aumento de 3% no volume de encomendas.
A pesquisa realizada pela Salesforce, empresa tecnológica multinacional especializada em Customer Relationship Management (CRM), analisou o desempenho do e-commerce relativamente ao primeiro trimestre do ano, demonstrando uma queda de 3% nas vendas digitais a nível global, o primeiro decréscimo em nove anos de relatórios Salesforce.
Espanha é o único mercado do relatório com tendência contrária, apontando para um crescimento de 6% do e-commerce no mercado ibérico, e um aumento de 3% no volume de encomendas. A restante Europa segue em queda, de 13% nas vendas online e de 17% em volume de encomendas, impulsionada pelo preço dos combustíveis e pela guerra na Ucrânia.
O estudo incide em vários mercados mundiais, designadamente o europeu e norte-americano e países individuais ou grupos de países que constituem um mercado concreto, como por exemplo o escandinavo. Portugal não foi avaliado isoladamente – ao contrário de Espanha – mas os seus vaores estatísticos integram o bloco da Europa Ocidental.
O gráfico evolutivo dos últimos trimestres mostra que, depois de um crescimento muito acentuado no final de 2020, em resultado das politicas de confinamento que vigoraram em muitos países, a margem de crescimento foi-se reduzindo, revelando, pela primeira vez, um saldo negativo relativamente ao trimestre anterior.
Segundo os analistas do Global Q1 Shopping Index, este decréscimo terá muito a ver com a inflação (com preços a subirem uma média de 11% nos EUA no mês de março), assim como com questões relacionadas com a logística e também com a insegurança económica. Estas características terão impactado o poder de compra dos consumidores, levando a um decréscimo nos gastos online após vários trimestres de um crescimento sem precedentes.
Os dados do estudo indicam que, com o decréscimo dos gastos em 3%, com o tráfego a descer 2% e com os volumes de encomendas a descerem 12%, a confiança dos consumidores nas compras online deverá estabilizar-se ao longo do ano. A Europa, que se debate com aumentos nos preços dos combustíveis e com uma guerra no continente, registou um decréscimo de 13% nas vendas online e menos 17% no volume de encomendas.
“A inflação já se faz sentir nos gastos dos consumidores, que compram agora menos produtos em menos marcas” explica Rob Garf, Vice-presidente e Diretor Geral de Retalho da Salesforce. “É expectável que esta não seja uma mudança de perspetiva temporária, mas sim um sinal de uma alteração comportamental mais profunda por parte dos consumidores. Para enfrentarem esta situação, as marcas e operadores de retalho têm o desafio de removerem a fricção entre os mundos digital e físico, para atraírem e reterem consumidores leais”, acrescenta.
O estudo da Salesforce aponta ainda para o impacto na economia global das dificuldades na cadeia de abastecimento na sequência dos lockdowns na China e fecho dos portos de Shanghai. Esta situação afetou direta ou indiretamente todas as categorias de produtos, sendo que as maiores quedas incluem Brinquedos e Educação (-23%) e eletrodomésticos (-12%).
Com o aumento exponencial dos preços dos combustíveis, aumento da escassez de produtos e com o contínuo aumento da inflação a impactarem os hábitos de consumo a nível global, a Salesforce aponta para o possível início de alterações no comportamento dos consumidores em breve. Esta conjuntura poderá ser responsável pelo decréscimo de gastos específicos ao longo do ano, forçando as marcas a equilibrarem de forma delicada a procura por produtos, otimizando margens nos seus calendários promocionais.